Diante do anúncio do governo Bolsonaro de propor o corte do Imposto Sobre Circulação de Bens e Mercadorias (ICMS), conforme anunciado na noite desta segunda-feira (6), a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) declarou, em nota, que “o governo tenta resolver um problema complexo com uma solução tabajara”.

Bolsonaro propôs zerar a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha para estados e município, até 31 de dezembro deste ano. A proposta inclui também a desoneração dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol, que também seriam zerados, e valeriam até o fim deste ano.

A associação avalia que as falas de Bolsonaro são eleitoreiras e visam evitar desgaste para sua campanha à reeleição, e, por tanto, não tem compromisso algum em apresentar uma saída real para a questão dos combustíveis.

“Retirar o ICMS dos combustíveis, que não é uma receita da União, é como tomar o dinheiro do vizinho para pagar uma conta da minha casa”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão.

A proposta do governo é dar isenção de Pis/Cofins, que são contribuições que compõem o orçamento da Seguridade Social e, portanto, da Previdência, Saúde e Assistência Social, e Cide que representam apenas 6% na composição do preço do diesel. Além de prejudicar o orçamento de áreas inestimáveis no período de crise social e sanitária, como é o caso da Seguridade Social, a Abrava alerta que não teria o impacto necessário no preço dos combustíveis.

Os caminhoneiros denunciam que essa situação é provocada pela política de preços praticada pela Petrobras, que segue a paridade de valores do mercado internacional, em dólar. O que precisa ser feito é mudar a política de preços que o governo impõe à Petrobrás. “A falta de planejamento e a irresponsabilidade levou o país a este caos, nós estamos alertando há tempos”, diz a Abrava.

Com o preço atrelado ao mercado internacional, a redução dos impostos e contribuições sociais que compõem os preços dos combustíveis, mesmo que provoque uma pequena redução num primeiro momento, não se sustentará, uma vez que quando se elevarem os preços internacionais, os preços no Brasil também voltaram a disparar. “Os preços dos combustíveis vão continuar subindo, o problema não está sendo enfrentado, esse movimento é só um paliativo para aumentar o diesel novamente, se não aumentar o preço, vai faltar diesel nos postos”, diz a entidade.

A entidade afirma que diante da negligência do governo Bolsonaro, que fecha os olhos para o aumento do custo de vida e da queda da renda do povo, não resta outra opção à categoria a não ser a greve. “O presidente Bolsonaro está preocupado com a sua reeleição, os caminhoneiros e o povo brasileiro estão preocupados em colocar comida na mesa de suas famílias. Não vemos luz no fim do túnel. O país vai parar”, diz a Abrava.