Deputado Nereu Crispim, presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos.

Reunidos com deputados na quinta-feira (28), na Câmara e por videoconferência, mais de 70 lideranças dos caminhoneiros reafirmaram a greve que está marcada para a próxima segunda-feira, 1º de novembro, caso o governo não atenda as demandas da categoria.

Na reunião, organizada pela Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, as lideranças apresentaram as principais reivindicações, como o fim da política de preço da paridade de importação da Petrobrás para combustíveis, cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário e aposentadoria especial a partir de 25 anos.

“Apresentamos a agenda, questionamos a política de preços dos combustíveis da Petrobras, pedimos apoio aos deputados nas pautas e reforçamos a greve para o dia 1º. O recado foi dado”, afirmou o presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias.

Também foram convidados integrantes do governo, mas não compareceram. O deputado Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar, lamentou o não comparecimento de representantes do executivo e pediu mais diálogo e entendimento do governo com a categoria.

“A manifestação da maioria foi de que ainda dá tempo do governo tentar estabelecer uma conversa mas sem discursos que afrontem à categoria”, disse o parlamentar.

Segundo o deputado, “precisamos de entendimento, de conversação e de dar dignidade para essas pessoas, que não representam só a categoria, mas representam as famílias que estão pagando R$ 100 em um gás de cozinha”, afirmou.

Entre as reivindicações, os constantes aumentos do preço do diesel dominou o debate, com vários deputados se unindo aos caminhoneiros na crítica ao modelo adotado, baseado no valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti, argumentou que, ao contrário do que vem sendo feito pelo governo, investir em refinarias pode ser uma saída para aliviar os custos.

“Hoje 70% da capacidade de refino não estão sendo feitas, para que esse nosso petróleo seja largado cru para fora do País e retorne no preço internacional de 84 dólares o barril”, disse Litti.

Especialistas presentes à reunião, como o consultor legislativo aposentado da Câmara Paulo Cesar Lima, também criticaram o modelo atual.

“Os consumidores, os caminhoneiros pagam altos impostos. As empresas têm alto lucro e exportam o petróleo bruto e não pagam impostos”, disse.

Paulo César foi um dos participantes que defenderam a aprovação do Projeto de Lei 750/21, do deputado Nereu Crispim, que tributa a exportação do petróleo bruto, a fim de gerar investimentos em novas refinarias e permitir a redução dos tributos pagos pela população.