O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, atacou nesta sexta-feira (11) o refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, cruelmente espancado até a morte em um quiosque no Rio de Janeiro, para negar que houve racismo.

Em publicação no Twitter, o bolsonarista afirmou que o refugiado “andava e negociava com pessoas que não prestam” e que “foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes”.

“Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”, escreveu o presidente da Palmares.

Horas antes, Camargo havia publicado que “não existe a menor possibilidade” de a Fundação Palmares prestar homenagens ao congolês. Segundo ele, Moïse foi vítima de um crime brutal, mas “não fez nada relevante no campo da cultura”.

“Moïse foi morto por selvagens pretos e pardos – crime brutal. Mas isso não faz dele um mártir da “luta antirracista” nem um herói dos negros. O crime nada teve a ver com ódio racial. Moïse merece entrar nas estatísticas de violência urbana, jamais na história”, disse Camargo ao se referir a uma declaração do poeta e escritor franco-congolês Alain Mabanckou, que participa da 11ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) no Rio.

A família de Moïse aponta que ele foi morto após cobrar uma dívida de R$ 200 referentes a diárias de trabalho no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Três suspeitos que aparecem no vídeo que mostra o congolês sendo espancado já foram presos. Eles negaram disseram que as agressões que amarram e espancaram Moïse para dar “um corretivo” após abrir uma geladeira do estabelecimento para pegar cervejas.

Família acionará Justiça contra Sérgio Camargo

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Rio, Rodrigo Mondego, que também representa a família de Moïse, disse que Camargo vai responder pelas declarações:

“Esse VAGABUNDO vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis.”

O presidente do grupo Comunidade Congolesa no Brasil, Fernando Mupapa, diz que Camargo precisa aprender a ser gente e pede exoneração dele do cargo. “Ele é um parasita que se diz negro. Não é um ser humano. Se fosse, deveria ter um pingo de respeito e dignidade para falar assim sobre uma pessoa que foi brutalmente assassinada”, disse Mupap.

“A morte do Moïse causou dores na família e no mundo inteiro, independentemente da raça, todos rechaçaram esse crime”.

Para ele, é uma vergonha ter Camargo à frente da Fundação Palmares.

“Tem que expulsar esse parasita do cargo que está ocupando. Em nome da Comunidade Congolesa no Brasil, repudio essa pessoa e peço a destituição dele desse cargo. Ele é um parasita no meio dos negros. Ele é uma vergonha. É como se fosse o negro que o colonizador usava para maltratar outros negros e, por isso, se achava melhor que os outros”, completou.