“Camaradas, estamos juntos!” diz Urariano ao filiar-se ao PCdoB
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Pernambuco anunciou a filiação do jornalista e escritor Urariano Mota à legenda. “De um encontro inesperado no sábado de carnaval deste ano nasceu a filiação de Urariano ao PCdoB. Ele é um amigo antigo do nosso partido, um companheiro das lutas que empreendemos desde muito tempo pela construção em nosso país da sociedade socialista, e pela realização das aspirações mais amplas do povo brasileiro”, disse Alanir Cardoso, presidente estadual do PCdoB.
Ao anunciar a filiação do novo camarada, Alanir destacou ainda, que em sua militância literária, Urariano sempre defendeu ideias e ideais convergentes com aqueles que movem os comunistas. “Sua escrita sempre refletiu essa visão humanista, democrática e inclusiva que nos é tão cara. Nós, em nossas trincheiras diárias continuamos militando contra a opressão do nosso povo e a injustiça social e em defesa da democracia, do desenvolvimento e da soberania do Brasil. Agora, com mais um reforço de peso. Bem-vindo, camarada!”, disse o dirigente comunista.
“Entrei no Partido na sexta-feira 16 de fevereiro deste 2018. Entrei atrasado, porque deveria ter entrado bem antes, mas há muito eu já estava em pensamento com os bravos e fundamentais companheiros de geração. Cada vez mais, tenho a compreensão de que sou memória. E quero estar com os companheiros que vi e vejo, estou com eles, porque assim manda o coração. Socialistas e camaradas, estamos juntos. Na felicidade e na tristeza. Na saúde e na doença”, afirmou Urariano.
A ligação do escritor com os comunistas vem de longa data. Recentemente, em março de 2016, em artigo sobre os comunistas anônimos do Recife publicado no Jornal GGN disse: “Os comunistas fazem a pátria onde os ninguéns se tornam alguém”. As razões e as circunstâncias nas quais se decidiu pela filiação ao PCdoB ele expõe no artigo O partido mandou me chamar, que publicamos neste link.
Sobre Urariano
Jornalista e escritor, Urariano Mota nasceu no bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, em 1950. Durante a ditadura militar (1964-1985), publicou contos, crônicas e artigos nos jornais Movimento (SP) e Opinião (RJ); nas revistas Escrita e Ficção, além de outros periódicos da chamada imprensa alternativa.
Posteriormente, publicou nas revistas Carta Capital, Fórum e Continente. Há vários anos, colabora com veículos da imprensa nacional e lusófona. É colunista do Portal Vermelho e do Brasil 247, colabora com o Jornal GGN e publica quinzenalmente no Diário de Pernambuco.
Talento reconhecido e admirado em todo o país, Urariano é autor dos livros “Soledad no Recife” (Editora Boitempo, 2009); “O filho renegado de Deus” (Bertrand Brasil, 2013); Dicionário Amoroso do Recife (Casarão do Verbo, 2014) e A mais longa duração da juventude (LiteraRUA), 2017).
Em Soledad no Recife, o escritor recria os últimos dias de Soledad Barrett, a mulher do cabo Anselmo, que o agente infiltrado entregou para a morte no Recife, em 1973, em plena ditadura militar. É uma novela de referência sobre o terror de Estado no Brasil.
Em O filho renegado de Deus o autor percorre a formação da infância no Recife dos pobres, dos moradores de beco. Esse romance lhe deu o primeiro lugar do Prêmio Guavira 2014.
No Dicionário Amoroso do Recife, Urariano conduz o leitor por sua cidade e partilhar algo de seu encantamento por ela. Caminha pelas igrejas, pelos terreiros, pela primeira Sinagoga das Américas, mercados públicos. Também faz menção aos heróis do povo da cidade: Clarice Lispector assistindo o frevo na rua, a criança flagrada na inocência da fantasia de princesa de carnaval Eutanasinha, Dom Hélder Câmara, a passagem de Gagárin pela cidade, as mulheres do Marrocos. Pessoas conhecidas e aquelas só conhecidas para Pernambuco. O livro é o segundo volume da Coleção Dicionário Amoroso, publicada pela Editora Casarão do Verbo.
A mais longa duração da juventude é uma emocionante narrativa que envolve o leitor, não importa a idade. A luta dos adolescentes e jovens adultos por um mundo melhor e mais justo – e os traumas que podem ocorrer a partir dessa ousadia – são o pano de fundo da narrativa do livro. A obra é um retorno a memórias do pós-ditadura, mas, ao mesmo tempo, traz uma ponte para o futuro ao relacionar a militância de esquerda dos anos 1960 ao protesto dos estudantes brasileiros na atualidade.