Câmara precisa avançar no combate à violência política de gênero
“Vou criar um neologismo: ‘deputérica’. Quando eu falar ‘deputérica’, estarei me dirigindo a uma deputada histérica”, disse o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) durante sessão no Plenário da Câmara desta quinta-feira (3). A declaração gerou imediata reação de deputadas que consideraram a fala do parlamentar misógina. Durante a sessão, as parlamentares afirmaram que levarão o caso ao Conselho de Ética da Casa.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi uma das que se manifestou contra a declaração de Nunes. Para ela, o Parlamento precisa avançar no combate à violência política de gênero.
“Não é a primeira vez que nós vimos um deputado agir dessa forma. Histéricas são pessoas que têm distúrbios emocionais ou psíquicos. Parece-me que é o deputado quem precisa de tratamento, porque isso se chama misoginia, aversão às mulheres. Isso é uma forma de agressão, de falta de decoro. Isso merece, de fato, uma análise do Conselho de Ética, porque não é possível este tipo de comportamento”, afirmou.
Jandira lembrou que os ataques às mulheres costumam desqualifica-las nos costumes, não no conteúdo de sua atuação política.
“Temos protagonismo político. Já demonstramos nossa competência, altivez, capacidade na luta política, de formular políticas, de competência, de possibilidade real de fazer a disputa na política, nas ideias, na qualidade dos seus argumentos. Enfrentem-nos nos argumentos, na qualidade das nossas proposições, no que pensamos, na nossa ideologia, na nossa possibilidade real de termos ou não qualidade no que tratamos. Agora, nos enfrentar na desqualificação, na adjetivação? Por favor, venham com a capacidade que vocês têm. Se não têm capacidade, calem a boca”, declarou.
Por Christiane Peres
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(PL)