Câmara de Porto Alegre aprova moção de solidariedade a Manuela
A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou, nesta quarta-feira (14), moção de solidariedade à ex-vereadora e ex-deputada Manuela d’Ávila, do PCdoB, devido aos ataques e ameaças sofridos recentemente por ela e por sua filha. A moção tem como autoras as vereadoras Bruna Rodrigues e Daiana Santos, ambas do PCdoB, e o vereador Pedro Ruas (Psol).
“A violência de gênero por meio das redes sociais funciona como tortura psicológica, uma forma de pressionar, silenciar e tentar retirar as mulheres da política”, diz a moção.
De acordo com os autores, a violência sofrida por Manuela diz respeito a “todas mulheres que ousam estar nos espaços de poder”. O moção aponta ainda que os criminosos que promovem esse tipo de ataque “tentam calar as mulheres na política, decretar sua morte simbólica, mas estamos atentos e juntos. Não seremos silenciados! A política não deve ser criminalizada, lugar de mulher é em todos os lugares.”
Após a aprovação, a vereadora Daiana Santos declarou por meio das redes sociais: “É preciso dar um basta às agressões e ataques misóginos motivados por ódio. Estamos contigo, Manu!”. A vereadora Bruna Rodrigues colocou que a aprovação é “uma importante manifestação desta casa contra toda forma de ódio!”.
Por meio das redes sociais, Manuela manifestou seu agradecimento aos parlamentares que propuseram a moção e também aos que a aprovaram e destacou: “Ontem (14), as e os vereadores de Porto Alegre aprovaram uma moção em solidariedade a mim e a minha filha pelos ataques que sofremos. Um gesto importante, que mostra quem está do nosso lado na luta contra essas ameaças e a violência política de gênero”.
Leia abaixo a moção e sua justificativa:
Moção
As vereadoras e os vereadores que subscrevem, nos termos dos artigos 87, inciso VII, e. 95, do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, solicitam, após ouvido o Plenário desta Casa, prestar SOLIDARIEDADE à ex-vereadora Manuela d’Ávila por conta dos ataques e ameaças sofridos por ela e sua família, promovidos por redes organizadas de ódio.
Justificativa
A violência de gênero por meio das redes sociais funciona como tortura psicológica, uma forma de pressionar, silenciar e tentar retirar as mulheres da política. Manuela d’Ávila, a vereadora mais jovem que já passou por essa casa legislativa, tem sido vítima de ataques sistemáticos pelas redes de ódio organizadas nas redes e nas ruas. As agressões cotidianas a ela e sua família são o método utilizado para atingir Manuela e seus ideais.
O ocorrido no último mês foi o auge da violência política praticada contra Manuela e sua família. A imagem, não autorizada, que expõe sua filha na escola em que estuda, foi entregue a grupos que distribuem ódio na cidade de Porto Alegre. A partir disso, Manuela recebeu diversas ameaças de morte e sua filha de 5 anos de estupro. Essas ameaças, ultrapassam todos os limites e exigem uma pronta apuração e a responsabilização pelos seus autores. A violência que Manuela sofre e que uma menina de 5 anos está tendo que conviver diz respeito a todas nós mulheres que ousamos estar nos espaços de poder! Tentam calar as mulheres na política, decretar sua morte simbólica, mas estamos atentas/os e juntas/os: não seremos silenciadas!A política não deve ser criminalizada, lugar de mulher é em todos os lugares!
De acordo com o levantamento realizado pela organização Terra de Direitos e Justiça Global, as mulheres representam aproximadamente 13% dos cargos eletivos de todas as esferas políticas do Brasil (municipal, estadual e federal). A baixa representatividade e participação feminina na política nacional pode ser considerado um reflexo das desigualdades entre os gêneros presente em tantas esferas da sociedade brasileira. O papel social e historicamente imposto às mulheres é utilizado como forma de ataque ou intimidação. Isso porque, ao longo da história global, as mulheres foram afastadas da política. Entre os fatores de desigualdade que afetam a participação política das mulheres está a violência de gênero. Isso significa que, para além das barreiras históricas para se eleger, quando as mulheres chegam ao poder elas ainda enfrentam muitas dificuldades para manter os cargos conquistados – simplesmente por serem mulheres.
Por todo o exposto, as Vereadoras e Vereadores que subscrevem esta moção se solidarizam com Manuela e sua família pelos ataques e ameaças sofridos.
Por Priscila Lobregatte
Com informações da Câmara Municipal de Porto Alegre