Caixa engavetou denúncias de assédio contra ex-presidente bolsonarista
Pelo menos duas denúncias de assédio moral contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, feitas por funcionários do banco estatal foram recusadas e engavetadas pelos canais do banco.
Em maio de 2020, Pedro Guimarães ficou irritado com os problemas ocorridos em uma live da Caixa, passou a xingar os funcionários e ameaçou demitir toda a equipe envolvida.
Uma funcionária que testemunhou o caso abriu uma denúncia formal por violação às regras internas, que vedam “ao agente público praticar qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça”.
Segundo a funcionária, a situação foi “extremamente constrangedora”.
A denúncia foi feita pelo sistema “Viva Voz”, vinculado ao Departamento de Gestão de Engajamento, Benefícios e Rede (Geber), que fica em Brasília.
O Departamento deveria encaminhar o caso para o setor responsável, mas optou por rejeitar a denúncia.
Essa primeira queixa foi cancelada pelo Geber por conter “palavras ofensivas e de baixo calão”.
A funcionária apresentou uma nova queixa, que foi, mais uma vez, rejeitada pelo Departamento de Gestão de Engajamento da Caixa. Desta fez, a resposta foi que os fatos apontados não eram conhecidos e não havia nenhuma norma do Código de Conduta que tivesse sido quebrada.
Pedro Guimarães já obrigou funcionários da Caixa a fazerem flexões e estrelinhas durante um evento. O caso foi denunciado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo por configurar assédio moral.
Ele pediu demissão depois de casos de assédio sexual serem denunciados pelas funcionárias em jornais.
As servidoras relataram que Pedro Guimarães fazia toques indesejados em seus corpos, fazia convites inapropriados e as constrangia. O amigo de Bolsonaro, que foi quem mais participou das lives do presidente, chamava as funcionárias nas quais tinha interesse para viagens oficiais da Caixa.
Ele ainda disse para uma delas que estava organizando um “carnaval fora de época” em uma viagem para Salvador. “Ninguém vai ser de ninguém. E vai ser com todo mundo nu”, disse o bolsonarista para uma servidora.