C&A, Nike e Zara não pagam salário mínimo na Índia desde 2020
As indústrias da Índia que abastecem marcas como C&A, GAP, Nike, Puma, Tesco e Zara estão praticando “o maior roubo de salários da indústria da moda”, denunciou o Consórcio de Direitos do Trabalhador (Worker Right Consortium- WRC), alertando sobre a falta de pagamento até mesmo de um minguado mínimo para mais de 400 mil funcionários, desde 2020.
A organização independente, que zela pelos direitos trabalhistas ao redor do mundo, publicou recentemente um estudo em que aponta que estão sendo praticados salários inferiores ao mínimo estabelecido legalmente no país, com cada empregado das confecções recebendo o equivalente a R$ 347,85 mensais.
“Em termos de número de trabalhadores afetados e total de dinheiro roubado, este é o ato mais flagrante de roubo de salários que já vimos. Os filhos dos trabalhadores do vestuário estão com fome para que as marcas possam ganhar dinheiro”, protestou o diretor executivo do WRC, Scott Nova. No total, a pesquisa avalia que o valor de salários não pagos pelas fábricas da moda até o momento tenha ultrapassado os £ 41 milhões de libras (cerca de R$ 308 milhões).
Diante do impacto negativo da informação, as marcas denunciadas emitiram declarações desencontradas sobre a sua relação com os funcionários das indústrias. A H&M disse ter “deixado claro” aos fornecedores do estado indiano de Karnataka – onde ficam localizadas – “que eles devem pagar aos trabalhadores salários mínimos obrigatórios por lei, incluindo todos os atrasos e que se não o fizerem, isso acabará por levar a sérias consequências para os negócios”.
A GAP emitiu um comunicado em que sinaliza para o cumprimento de um cronograma para que os fornecedores paguem os atrasados e a C&A disse que exigiu das suas fábricas o cumprimento da ordem judicial, com a remuneração recomendada na Índia.
“A Nike espera que todos os fornecedores cumpram os requisitos legais locais e o código de conduta da Nike”, tangenciou o comunicado da empresa. Um porta voz da Inditex, dona da Zara, declarou ter “um código de conduta rigoroso, que exige que todas as fábricas de nossa cadeia de suprimentos paguem salários legais, no mínimo”. “Estamos engajando fornecedores na região para incentivá-los a fazer o pagamento”, acrescentou.
Para o WRC, o não pagamento nem mesmo de um valor tão baixo representa uma violação em larga escala dos direitos humanos. “Já se passaram quase dois anos desde que os fornecedores se recusaram a pagar o salário mínimo e as marcas deixaram isso continuar quando sabem que são as únicas com o poder de impedir esse roubo generalizado”, concluiu Scott Nova.