O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou durante coletiva nesta terça-feira (26) que os 5,4 mil litros de Ingrediente Farmacêutico Ativo, necessário para produzir a Coronavac no Brasil, devem chegar no dia 3 de fevereiro.

Ainda segundo Dimas Covas, outros 5,6 mil já estariam “em processo adiantado” de liberação. “Com esses dois lotes, regularizaremos as nossas entregas ao Ministério [da Saúde]”, afirmou, garantindo que entregaria 40 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal até abril, com possibilidade de fornecimento para outras 54 milhões de doses.

De acordo com Covas, as doses que já estão prontas começarão a ser liberadas para o Ministério da Saúde na próxima sexta-feira, 29. Os 5,4 mil litros que chegarão na próxima semana serão liberados 20 dias após a entrega dos insumos.

Ainda na coletiva, o diretor afirmou que existe a possibilidade de o Instituto receber um aporte adicional de doses, conforme previsto em contrato, mas tal negociação depende da manifestação do Ministério da Saúde. Segundo Dimas Covas, um ofício sobre o assunto foi enviado ao Ministério na última sexta-feira (22).

“Existe a possibilidade de um adicional de 54 milhões de doses, mas para isso precisamos de uma manifestação do Ministério da Saúde. Na última sexta-feira (22), enviei um ofício solicitando essa manifestação para que nós possamos programar essa produção. O quanto antes tiver essa definição, o quanto antes faremos esse planejamento, e o quanto antes traremos essa vacina para o Brasil”, afirmou Dimas Covas.

CRÍTICA AO OPORTUNISMO

Na coletiva desta terça-feira, o governador de São Paulo, João Doria, criticou o oportunismo de Jair Bolsonaro e afirmou que a liberação dos insumos para a produção da CoronaVac só ocorreu devido aos esforços do governo estadual. “Todas as demandas foram conduzidas pelo Instituto Butantan e pelo governo de São Paulo e continua assim. Nós cuidamos disso e cuidamos bem, por isso que as vacinas chegaram até o Brasil e chegaram bem”, disse Doria.

Ainda de acordo com o governo paulista, a negociação é contínua e nunca foi interrompida, “mesmo quando o governo federal, através do presidente da República, anunciou publicamente, em mais de uma ocasião, que não iria adquirir a vacina por causa de sua origem chinesa”. A declaração se refere ao episódio em que Bolsonaro desautorizou o seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em outubro, quando o ministro havia assinado um protocolo de intenções com o Butantan para a compra de doses da CoronaVac. O presidente exigiu que o acordo fosse suspenso, pois não iria “comprar a vacina do Doria”.

RELAÇÃO BRASIL CHINA

Nesta terça-feira, o embaixador participou virtualmente da coletiva do governo de São Paulo e defendeu que o “Brasil é um país importante e parceiro de grande significado da China, mantemos uma relação amistosa, tradicional entre os dois países, incluindo o estado de São Paulo, o maior o estado do Brasil que tem mantido uma boa relação com a China. E valorizamos muito nosso relacionamento tradicional e amistoso”, afirmou Yang Wanming.

O embaixador chinês também disse que pretende fortalecer os laços com os governos federal e estadual para futuras negociações de compra de vacinas e insumos farmacêuticos. “Haverá uma demanda urgente de longo prazo. Por isso, a China está disposta a manter comunicação com governo federal e estadual”.