O Instituto Butantan entregou ao Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (10), mais 2 milhões de doses CoronaVac, vacina contra Covid-19 produzida pelo Instituto em parceria com o laboratório chinês, Sinovac. Os novos lotes foram envasados com insumo recebido pelo instituto no mês de abril.

Com o envio desta segunda (10), o total de vacinas oferecidas por São Paulo ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) chega a 45 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro.

Porém, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirma que o atraso na liberação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) vindo da China e necessário para produção da CoronaVac pode afetar o cronograma de vacinação no país a partir de junho.

Duas novas remessas serão feitas até o final desta semana. Na quarta (12), serão destinadas mais 1 milhão de doses e, na sexta (14), 1,1 milhão. Os novos imunizantes entregues pelo Butantan deverão ser direcionados para a aplicação da segunda dose nos locais que seguiram a orientação do Ministério da Saúde e não realizaram a reserva das vacinas.

Até sábado, mais de 800 municípios, incluindo 10 capitais, não possuíam estoque da CoronaVac para completar a imunização.

Questionado sobre atualizações na chegada do IFA, para produção de mais doses, que estava prevista para o dia 18 de maio, Dimas Covas disse que não há confirmação da data até o momento. “Nós não temos definição da liberação do insumo da China. Existe a expectativa de 4 mil litros, sim. Esperamos que até quarta-feira, dia 13, nós possamos ter uma notícia positiva. O cronograma de vacinação a partir de junho poderá sofrer algum impacto”, afirmou, ao relembrar que o Butantan precisa dos insumos para envasar a vacina.

“A partir daí (do envase realizado com o IFA recebido em abril) não teremos mais vacina porque não recebemos o IFA para que isso possa ser processado. Situação parecida com essa também é enfrentada pela Fiocruz [responsável pela vacina de Oxford/AstraZeneca]. Que também não teve seu IFA liberado. Preocupa para o cronograma de vacinação, não neste momento, mas a partir de junho, que poderá sofrer algum impacto”, disse Dimas Covas.

A China é fornecedora de insumos para a produção tanto da Coronavac como da vacina da AstraZeneca, produzida pela Fiocruz.

O governador de São Paulo João Doria e Dimas Covas, durante coletiva de imprensa nesta manhã, na entrega das 2 milhões de doses, voltaram a criticar as falas do presidente Jair Bolsonaro em relação ao governo chinês.

Segundo Doria, cerca de 10 mil litros de insumo produzidos pela Sinovac aguardam liberação para serem enviados ao Brasil.

“Já existem 10 mil litros de insumos prontos nas Sinovac aguardando autorização do governo da China para embarque, e cada vez que manifestações são feitas aqui de forma desagradável em relação à China, isso cria dificuldades claramente para autorização do governo chinês para o embarque desses insumos para o Brasil”, disse Doria.

O governador afirmou que tanto o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, quanto os próprios secretários e governadores de estado estão conversando diariamente com a Embaixada Chinesa para tentar minimizar os danos e fazer a costura diplomática.

“Há uma limitação determinada pelo governo da China dadas as circunstâncias das constantes manifestações inapropriadas, inadequadas e absolutamente inoportunas do governo brasileiro”, disse o governador, ressaltando ainda que há “um esforço contrário de manifestações conduzidas e lideradas pelo próprio presidente da República, o que torna tudo mais difícil”.