Buenos Aires: Casos da Covid crescem e deixa flexibilização em alerta

A Argentina tem obtido os melhores resultados, entre os países latino-americanos, no combate à Covid-19. No entanto, o aumento do número de mortos e casos de coronavírus nos últimos dias, depois de medidas de flexibilização do isolamento preventivo em algumas regiões do pais, ligou os alarmes.
Na cidade de Buenos Aires, que concentra mais de 50% dos casos, uma elevação no registro dos infectados acontece em paralelo à decisão do prefeito Horacio Rodríguez Larreta, ligado ao ex-presidente Macri e de oposição ao governo de Alberto Fernández, de permitir no início desta semana a reabertura até de pequenas empresas comerciais nas redondezas da capital.
Nesse período, foram detectados no território de Buenos Aires 656 novos contágios totalizando 3.087 casos positivos. Mas o dado que mais impactou foi o registro de 23 mortes na quarta-feira, 13, e quinta, 14, o maior número desde que começou a pandemia. Com as novas informações, a flexibilização da quarentena deve ser reavaliada. O ministro de Saúde nacional, Ginés González García, admitiu que o governo analisava um eventual freio à abertura na capital.
Fernán Quirós, responsável pela saúde na capital argentina, declarou que a possibilidade de retomar uma quarentena estrita na cidade está sendo avaliada. “Estimamos que no pior momento da pandemia vamos ter entre 800 e 1000 casos por dia, e isso não vai ocorrer nas próximas semanas, mas provavelmente poderia ocorrer na primeira quinzena de junho”, assinalou.
A Central de Trabalhadores da Argentina pediu que o governo da capital reveja as medidas e voltar à fase de isolamento social preventivo. “Estamos muito preocupados com o aumento dos casos que acontecem principalmente nos bairros mais humildes”, divulgou a organização sindical.
O vice-secretário de Saúde da província de Buenos Aires, Nicolás Kreplak, disse em declarações ao jornal Página 12, que “a situação da cidade é muito preocupante para a província e está no sentido contrário do que devemos fazer quando estão aumentando os casos. Já foi avaliado no mundo que o fluxo de pessoas entre territórios distintos que têm casos é o pior condicionante para uma epidemia. Nos últimos dias, em Buenos Aires começaram a se descontrolar os contágios, há uma circulação comunitária superior à das cidades dos subúrbios da capital, com muita gente contagiada nos bairros populares onde é mais difícil controlar e apagar o foco do contágio”.
Kreplak apontou que “abrir os comércios faz com que as pessoas se movimentem, quando o que há que fazer é todo mundo ficar na sua casa. Se abrirmos muito a Área Metropolitana de Buenos Aires, que reúne a capital e 40 municípios que a circundam, muitos trabalhadores têm que ir trabalhar. Por isso dizemos que não podemos abrir comércios que não sejam essenciais”.