Brizola Neto, pré-candidato do PCdoB a prefeito do Rio de Janeiro

O ex-deputado e ex-ministro do Trabalho Brizola Neto, pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PCdoB, afirmou na sexta-feira (13), em entrevista ao Hora do Povo, que tem visto com bons olhos a evolução da posição do pré-candidato do Psol, Marcelo Freixo, sobre a urgência de uma unidade ampla do “campo progressista” e a possibilidade por ele anunciada de apoiar outras candidaturas.

HP: O deputado Marcelo Freixo revelou, no dia 11 de março, à Revista Fórum, que está insatisfeito com a postura que o seu partido, o Psol, vem adotando para a formação de uma aliança mais ampla, uma “frente progressista”. Ele reclama que não pode entrar em mais de 50 bairros no Rio, por risco de morte. E que, se terá de enfrentar esta extrema direita, não poderá entrar numa aventura. O pré-candidato do Psol tem dito inclusive que não será candidato a prefeito do Rio de Janeiro “se não houver unidade das forças progressistas”. Você acha que a escalada do autoritarismo está levando Freixo a transitar da tática de “frente de esquerda” para a de “frente ampla”, que você e seu partido sustentam?

Brizola Neto: Vejo com bons olhos a evolução do posicionamento do Freixo, inclusive a possibilidade por ele anunciada de apoiar outras candidaturas. Seu partido vinha repetindo, aqui no Rio, a política hegemonista do PT de constranger os partidos de esquerda a apoiar seus candidatos a prefeito, governador e presidente da República – até mesmo no primeiro turno. A construção de uma frente ampla para barrar o avanço do fascismo não combina com esse tipo de comportamento.

Como você vê a construção dessa frente ampla nas eleições deste ano na cidade do Rio de Janeiro?

O candidato do Bolsonaro é o Crivella. Então, é todo mundo contra o Crivella. Mas todo mundo mesmo. O Eduardo Paes é do DEM, o Bebianno é do PSDB, o Hugo Leal do PSD. São partidos de esquerda? Não. Mas desde quando a esquerda tem o monopólio da defesa da democracia? Em situações de grave ameaça ao regime democrático, como a que vivemos, nossa obrigação é reunir todas as forças contrárias ao retrocesso. As candidaturas do meu partido a prefeito estão a serviço dessa diretriz.

É simples assim?

Quem achar que ajuda mais a essa causa apresentando candidato no primeiro turno deve ser estimulado e não constrangido. A diversidade de candidaturas do campo democrático amplia nosso alcance junto aos setores da sociedade e faz com que cheguemos mais fortes ao segundo turno. E como é raro um candidato à reeleição, como Crivella, não chegar ao segundo turno, quem for melhor no primeiro pega ele com o apoio de todos no segundo. É assim que se constrói a frente ampla nessas eleições, reunindo as forças contrárias à implantação da ditadura bolsonarista, sem deixar nenhuma de fora. Se o Freixo completar a transição e assumir essa posição é capaz até dele ganhar de mim.