Após Bolsonaro declarar que não seria “oportuna” a repatriação de brasileiros que se encontram na China, o governo voltou atrás e admitiu domingo (2) que adotará medidas necessárias para trazer os cidadãos de volta ao Brasil.
O recuo só ocorreu depois do apelo e pressão para que brasileiros fossem retirados da cidade de Wuhan, epicentro do coronavírus.
Em uma espécie de carta-aberta, gravada em um vídeo publicado no YouTube na manhã de domingo, um grupo de brasileiros na China fez um apelo ao governo de Jair Bolsonaro para a retirada de cidadãos do país afetado pelo surto. Eles lembraram as operações de evacuação já feitas por diversos países.
O grupo de brasileiros ressaltava também a colaboração logística que o governo chinês tem oferecido a essas operações, já conduzidas por países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, entre outros.
Após a divulgação do vídeo, o Palácio do Planalto chegou a informar que não comentaria o assunto. A política do governo em relação ao problema estava sendo de omissão e descartar a possibilidade de repatriação de brasileiros.
Jair Bolsonaro chegou a dizer que os custos envolvidos em uma operação eram um entrave para o repatriamento de brasileiros. A jornalistas, ele afirmou que um voo fretado pode custar até US$ 500 mil (R$ 2,1 milhões). “Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso”, alegou.
A informação sobre o retorno dos brasileiros foi confirmada por meio de nota conjunta assinada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Segundo o comunicado, a operação ainda está sendo planejada pelo Ministério da Defesa, por meio da Força Aérea Brasileira (FAB).
O que já está definido é que, assim que chegarem ao Brasil, as pessoas repatriadas deverão ser submetidas a quarentena.
Quando uma família de brasileiros com suspeita de contaminação pelo coronavirus nas Filipinas, Bolsonaro descartou trazer a família para o Brasil e disse em tom de desprezo:
“Pelo que parece, tem uma família na região lá onde o vírus está atuando. Não seria oportuno retirar de lá, com todo respeito. Pelo contrário. Não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas. A gente espera que os dados da China sejam reais. [Que seja] só isso de pessoas contaminadas. Se bem que é bastante. Mas a gente sabe que esses países são mais fechados no tocante a informações”, declarou.
Mesmo sem ter um caso de coronavírus confirmado no país, o governo decidiu elevar o nível de alerta da saúde pública para 3, decretando emergência na área.
Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, afirmou que deve assinar uma portaria ainda na segunda-feira (3/2).
Questionado, Mandeta disse que a declaração de emergência ocorrerá por razões administrativas, “porque você tem que montar toda uma estrutura” de atendimento e contenção do vírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou emergência em nível internacional, porém, normalmente, isso ocorre quando há um caso confirmado no país, o que não é o caso do Brasil.