A subserviência do governo Bolsonaro aos Estados Unidos, mesmo depois da saída de Donald Trump da presidência, continua a impactar a instalação da rede de tecnologia 5G no Brasil através da empresa chinesa Huawei.

Segundo o diretor sênior de Relações Governamentais da Huawei Brasil, Atilio Rulli, em entrevista ao site Congresso em Foco, “a tendência é o cerco apertar cada vez mais”, com Joe Biden na presidência dos EUA.

“Quanto mais se posterga a implantação da tecnologia, mais se perde entrada de receita direta no Brasil”, afirma o executivo.

“O 5G é uma revolução. Não é uma evolução como foi do 3G para o 4G e para 4,5G. A velocidade da internet é 20 vezes maior em média. A grande diferença é a baixa latência, ou seja, o tempo de resposta a algum comando”, afirma Rulli.

Os Estados Unidos querem impedir que a Huawei tenha qualquer participação na implantação da 5G no Brasil, e tem o aval do governo brasileiro que, além da postura submissa aos americanos, também rechaça a empresa por sua origem chinesa.

Na avaliação servil do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, que é ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, a participação da Huawei na rede 5G poderia afetar a parceria militar entre Brasil e Estados Unidos.

Mesmo com toda a pressão dos Estados Unidos, que, inclusive, ameaçam com interrupção de cooperação e revisão de investimentos os países que incluírem a Huawei nas redes 5G, Atilio Rulli diz que os entendimentos estão avançando no Brasil e os contatos têm sido colaborativos, feitos diretamente ou por meio de consultas públicas e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)..

Sobre a instalação de um grupo de trabalho do 5G na Câmara e a criação de uma comissão para discutir o assunto no Senado, o executivo da empresa afirma que “o Congresso tem ouvido todos os fabricantes com isonomia”.

A Huawei opera na área de tecnologia no Brasil há 23 anos, e já opera a maior parte das redes 3G, 4G e 4,5G e projeta sua participação na instalação da infraestrutura para o funcionamento da nova tecnologia no país.

Em recentes declarações, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que todas as empresas que fornecerem as garantias necessárias e comprovarem respeito à soberania nacional e à proteção de dados no país serão autorizadas a oferecer esse tipo de equipamento.