Brasil ocupa o 4ª lugar no ranking do desemprego entre 44 países
A taxa de desemprego no Brasil é o dobro da média mundial e a pior entre os membros do G20, apontam dados da agência de classificação de risco Austin Rating, divulgados nesta segunda-feira (22).
De acordo com o levantamento da Austin Rating, a pedido do G1, e que tem como base em 44 países que já divulgaram dados oficiais no 3º trimestre, o Brasil tem a 4ª maior taxa de desemprego do mundo. A Costa Rica vem em 1º neste ranking, seguido por Espanha e Grécia.
Reprodução g1
A taxa de desemprego no Brasil variou em 13,2% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 13,7 milhões de trabalhadores, segundo a última pesquisa divulgada pelo IBGE
Quando comparado com seus colegas do G20 – grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia – a Austin Rating aponta que o desemprego no Brasil é o pior entre os membros. Apenas três integrantes do colegiado ainda não divulgaram números oficiais de desemprego no 3º trimestre: África do Sul, Arábia Saudita e Argentina.
Enquanto o governo Bolsonaro continua firme de braços cruzados para o desemprego no Brasil, as demais nações já avançam na recuperação dos empregos que foram perdidos na pandemia de Covid-19. No conjunto de países da Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de desemprego caiu para 5,8% em setembro, e agora está 0,5 ponto percentual acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro do ano passado (5,3%).
Na zona do euro, a taxa ficou em 7,4% em setembro, retornado ao patamar pré-pandemia. Nos EUA, o desemprego recuou para 4,8%, ante 5,2% em agosto. Na avaliação do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, “essa é uma fotografia clara de quanto o Brasil está perdendo na geração de emprego. Entre esses 44 países estão concorrentes diretos e outros emergentes como Cingapura, Coreia e México. Nesses países, a taxa de desemprego chega a 4%, 5%, no máximo”, afirmou Agostini.
Para Agostini, o desemprego elevado no Brasil é explicado, primeiro, pelo período prolongado de baixo crescimento econômico e por seu histórico de baixa produtividade. Mas hoje, a recuperação do mercado de trabalho tem sido freada pela deterioração das expectativas, sobretudo em relação à inflação e ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022.
“Em 2021, se esperava uma retomada e uma perspectiva melhor, mas o que a gente vê é que, infelizmente, o Brasil cresce numa média muito menor que a dos países emergentes e também da média global”, disse o economista.
Um levantamento anterior da Austin Rating, elaborado a partir dos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), já havia apontado o Brasil como o 21º colocado entre as piores taxas de desemprego do mundo em 2020, em um ranking com 111 países. Pelas atuais expectativas do FMI, neste ano a taxa média de desemprego do Brasil pode ficar em 13,8%, o que faria o país terminar o ano com o 14º pior desemprego do mundo, ou pode piorar ainda mais, diante do atual quadro de desaceleração da economia.
“O Brasil deve crescer menos do que as expectativas e tem economistas falando até em recessão em 2022, o que pode piorar a posição do Brasil no ranking de desemprego. Estamos por exemplo muito próximos da Grécia, que vem melhorando a cada ano o seu ritmo de crescimento econômico”, destacou Agostini.
No atual quadro de desemprego elevado, economia em plena decadência com a inflação a dois dígitos, os empregos que estão disponíveis para os brasileiros são os de baixa qualidade, com poucas horas de trabalho e remuneração muito baixa. Segundo o IBGE, o Brasil alcançou uma taxa de informalidade de 41,1% no mercado de trabalho no trimestre móvel até agosto, com 37,099 milhões de trabalhadores atuando informalmente, isto é, vivendo de bicos, de atividades precárias.