O ano de 2023, primeiro do Governo Lula 3, marcou um aumento significativo nas reservas internacionais do Brasil, atingindo a marca de US$ 355 bilhões, um acréscimo de 9,3% em relação ao ano anterior, quando estava em US$ 324,7 bilhões. No governo Bolsonaro foi verificada uma queda de 13% no volume total das reservas internacionais do país. Com isso, Lula retoma sua política de recomposição desse montante, que representa uma espécie de “poupança” do governo, armazenada em moedas estrangeiras, que desempenha o papel de um seguro contra possíveis crises externas.

A principal motivação para o crescimento das reservas foi a entrada de recursos no país, totalizando US$ 11,5 bilhões no primeiro ano do governo Lula. Essa injeção de capital foi acompanhada pela decisão estratégica do Banco Central de não vender dólares, mesmo diante de movimentos fortes de retirada de recursos, como os observados durante a pandemia da Covid-19 em 2020.

A partir de 2003, durante o primeiro mandato do presidente Lula na Presidência da República, foi iniciada a aquisição de reservas internacionais em um cenário econômico tomado pelas desvalorizações cambiais. Assim, em praticamente duas décadas, o país ampliou as suas reservas em dólar de um total de apenas US$ 38,77 bilhões em 2003 para US$ 355 bilhões em 2023.

O sólido volume das reservas internacionais sempre é citado como um dos pontos fortes do Brasil em relatórios das maiores agências internacionais de classificação de risco, o que permitiu ao país estar a apenas dois degraus para alcançar o grau de investimento.

A reserva internacional, também conhecida como reserva cambial, consiste no volume de dólares que o país possui em caixa. Essa reserva proporciona uma vantagem crucial, pois oferece garantias contra crises no mercado internacional, como a experienciada pela Rússia em 1998, e protege contra a retirada repentina de recursos por parte dos investidores.

A autonomia proporcionada pelas reservas em dólares torna o país menos dependente de empréstimos externos, como os buscados recentemente pela Argentina junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Durante a gestão do bolsonarista Paulo Guedes na Economia, responsável pela queda de 13% no volume total das reservas internacionais, num total de R$ 65,8 bilhões, ele chegou a defender a venda de parte dessas reservas e a criação de metas para sua acumulação, no que foi rechaçado de foram generalizada por economistas de várias correntes de pensamento e também por agentes do mercado financeiro.

O governo brasileiro acumula dólares de diversas maneiras: por meio da compra no mercado, recebimento de dividendos provenientes de suas aplicações, geralmente em títulos do Tesouro norte-americano, e emissões de títulos da dívida pública no mercado internacional.

Destaca-se que, em 2022, as reservas sofreram uma queda de US$ 37,3 bilhões, sendo que o Banco Central interveio vendendo US$ 570 milhões em dólares no mercado à vista e US$ 11,5 bilhões em leilões de linha. Adicionalmente, US$ 6,46 bilhões deixaram o país em decorrência de operações comerciais e financeiras.

A política cambial, que envolve a compra e venda de dólares, leilões de linha e intervenções no mercado futuro, é uma responsabilidade do Banco Central, que detém autonomia legal desde 2021. Dentro de uma política de livre flutuação do real, a instituição tem atuado apenas em momentos específicos, como forma de evitar movimentos abruptos no dólar e corrigir distorções na formação de preços.

Em resumo, as reservas internacionais do Brasil se destacam como um alicerce sólido, proporcionando estabilidade e segurança em meio a um cenário global volátil, e reforçando a posição do país como uma economia resiliente no contexto internacional.

(por Cezar Xavier)