A direção da Petrobrás, sob o aval de Bolsonaro, anunciou um novo aumento, de 16,1%, no preço médio de venda do gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido por gás de cozinha de 13kg, que é vendido para as distribuidoras. Com isto, a partir de amanhã, o custo do combustível passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo, o equivalente a R$ 58,21 por 13kg.

Hoje cedo, em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a uma mulher que o questionava se o preço dos combustíveis iriam diminuir, declarou: “não estou dizendo se vai ou não vai, eu acho que vai aumentar. No mundo todo aumentou. Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada”.

Declaração oposta ao que veio encenando durante a semana sobre os preços dos combustíveis, falando até em “congelamento”. O que foi prontamente negado por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que defendeu que os preços tinham é que aumentar.

Bolsonaro, que na campanha eleitoral de 2018 prometia o botijão de gás a R$ 35, hoje entrega para a população o botijão de 13kg ao custo médio de R$ 102,64. No Centro Oeste do país o botijão de gás pode ser encontrado a R$ 140, no Estado do Mato Grosso, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Sob a batuta do PPI,  política que atrela os preços dos produtos da Petrobrás aos preços do mercado internacional, a cotação do dólar, e mais os custos que os importadores têm com fretes, seguro etc., o preço médio do botijão para o consumidor final teve um aumento de 47,17%, na passagem de janeiro de 2020 para fevereiro deste ano, com base em dados da ANP.

Com a disparada dos preços dos combustíveis, a inflação disparou, pegando em cheio o  orçamento das famílias, principalmente as mais pobres deste país. Em doze meses (até  janeiro de 2022), o  gás de botijão acumulou alta de 31,78%, bem acima da inflação oficial de 10,38%.

Perante mais uma alta do botijão de gás, os brasileiros têm que apelar para fogareiros improvisados – usam lenha e combustíveis inflamáveis -, colocando suas vidas em risco, como alertou o médico e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), José Adorno, em entrevista à BBC News Brasil, em outubro de 2021. “Sempre quando aumenta o preço do gás, centros de atendimento de queimados já sabem que precisam se preparar para atender mais gente, sobretudo em regiões vulneráveis”, disse.

Com a disparada dos preços dos derivados de petróleo, Bolsonaro fez jogo de cena contra a alta dos preços, mas manteve os preços atrelados ao dólar.

Como forma de atenuar os impactos dos preços do gás de botijão, o Congresso Nacional aprovou no ano passado o projeto de lei 1.374 de 2021, que criou o Programa Gás para os Brasileiros, um auxílio gás para famílias de baixa renda. O programa estabelece que famílias pobres recebam , em meses alternados, o valor correspondente a pelo menos 50% do preço médio do gás de botijão de 13 kg.

Podem ser beneficiadas pelo Programa as famílias inscritas no Cadastro Único, com renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário-mínimo, inclusive famílias beneficiárias de programas de transferência de renda implementados pelas três esferas de governo.