Novo presidente é defensor da privatização da estatal.

Como resposta às altas nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, Jair Bolsonaro apresentou uma solução esta semana: a troca de presidente da Petrobras. Em vez de enfrentar a mudança na política de preços da estatal – estabelecida no governo de Michel Temer, após o golpe contra Dilma Rousseff – Bolsonaro preferiu tirar Joaquim Silva e Luna, nesta segunda-feira (28), e colocar o economista Adriano Pires, especialista do setor de óleo de gás e defensor da privatização da Petrobras. Pires deve assumir o cargo no próximo mês.

Em artigo publicado em outubro passado no site Poder 360º, Pires afirmou que a “solução definitiva” para a Petrobras só virá com a privatização. “Enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil”, diz no artigo o novo presidente da estatal.

Além de privatista, o novo presidente da Petrobras é crítico da política de controle de preços adotada pela estatal durante o governo de Dilma Rousseff e é defensor da paridade internacional, política atual, em que o preço dos combustíveis no mercado interno segue a variação de itens como o preço do barril de petróleo no exterior e a cotação do dólar.

Deputados do PCdoB criticaram a dança das cadeiras sem alteração na política de preços. Para eles, a resposta de Bolsonaro em ano eleitoral não passa de ação política para deixar claro seu descontentamento com a alta de preços dos combustíveis, após o mega reajuste do início de março, que resultou num aumento de 25% do diesel, 19% da gasolina e 16% do gás.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), Bolsonaro fez a escolha fácil, mas que não influenciará no valor dos combustíveis.

“Bolsonaro não entendeu nada. Ao invés de derrubar o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, derruba o presidente da Petrobras. É preciso uma solução definitiva para acabar com a crise”, disse.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) reforçou as críticas e condenou a postura privatista do novo gestor. Para ele, “se depender desse governo, o Brasil será vendido à iniciativa privada. Não à privatização!”

Na avaliação da vice-líder da Minoria deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a troca no comando da Petrobras é uma tentativa de Bolsonaro de escapar da culpa sobre o elevado preço dos combustíveis. “Já vai tarde o presidente da Petrobras. Isso é Bolsonaro tentando escapar da culpa. Mudar o comando de ministérios e empresas públicas é como trocar 6 por meia dúzia. Se não mudarmos o presidente da República nada mudará. Por uma nova política de preços e investimentos na indústria nacional!”, afirmou Jandira.

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