Jair Bolsonaro está tentando comprar apoios, no velho toma lá, dá cá, oferecendo cargos do
governo para tentar diminuir seu isolamento e enfraquecer o presidente da Câmara, deputado
Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo o jornal O Globo, o governo federal ofereceu, por exemplo, a chefia da Codevasf
(Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e da Parnaíba), com orçamento
de R$ 1,62 bilhão, que é dirigida por Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado de Elmar
Nascimento (BA), ex-líder do DEM na Câmara.
O comando da estatal seria entregue ao PP do senador Ciro Nogueira, que se tornou réu no
Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, sob a acusação liderar um esquema para
desviar dinheiro da Petrobrás.
Nesse ano, em fevereiro, a Procuradoria-Geral da República denunciou Ciro Nogueira ao
Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. De
acordo com a denúncia, o parlamentar recebeu R$ 7,3 milhões em “vantagens indevidas” (leia-
se propina) da construtora Odebrecht. A investigação tem origem na Operação Lava Jato.
Além disso, Bolsonaro quer dar a direção e as superintendências do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), hoje com militares, para o PL de Valdemar Costa Neto.
Valdemar Costa Neto é da “velha política”, que Bolsonaro alardeia ser contra, da corrupção.
Ele foi julgado e condenado no escândalo do mensalão a sete anos e dez meses de prisão.
Também foi citado na Operação Lava Jato por receber propina.
O Banco do Nordeste, com orçamento de R$ 29 bilhões, também está no pacote. Bolsonaro
negocia a entrega do comando do órgão com caciques do PP, Republicanos e PL.
Outra fatia considerável do orçamento público colocada na mesa pelo presidente é o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com verba de R$ 54 bilhões.
Comenta-se que Bolsonaro estaria disposto a recriar o extinto Ministério do Trabalho para
entregar ao comando do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB. Bolsonaro já foi
do PTB e liderado de Roberto Jefferson, de quem se tornou muito amigo.
Jefferson foi réu confesso, condenado e preso por corrupção no chamado “mensalão”. Ele foi
condenado a mais de 10 anos pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, pena que foi reduzida para 7 anos e 14 dias, beneficiado por um acordo de
delação.

Ele confessou que recebeu R$ 4 milhões de propina para apoiar o governo Lula. Por conta
disso, em 14 de setembro de 2005, teve ainda seu mandato cassado por 313 votos contra 156
e perdeu seus direitos políticos por oito anos.
Para apoiar o governo de Michel Temer, ele indicou sua filha, a ex-deputada Christiane Brasil
para ocupar o Ministério do Trabalho. Mas a nomeação foi barrada pela Justiça e Jefferson
acabou desistindo de indicar sua filha ao posto diante do desgaste.
Como se não bastasse, a Procuradoria-Geral da República denunciou ele e Christiane por
integrar uma organização criminosa com atuação num esquema corrupto de registros sindicais
ilegais no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).