Brasilia DF 05 03 2020 A Advocacia-Geral da União (AGU) informou hoje (5) que o governo federal cobra, na Justiça, o valor de R$ 1,3 bilhão pelo desmatamento na Amazônia Legal. Segundo a AGU, o número corresponde a 29 ações civis públicas protocoladas nesta quinta-feira (5), além de outras enviadas em dezembro do ano passado à Justiça. Nos processos, grandes infratores são cobrados a ressarcir os prejuízos causados pela exploração ilegal de madeira e atividades irregulares de pecuária.As áreas foram desmatadas ao longo do tempo em decorrência de atividades econômicas ilícitas nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Amapá. A cobrança faz parte do trabalho da Força-Tarefa da Amazônia, composta por procuradores da AGU que atuam junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O grupo foi criado em setembro do ano passado (Fonte Agencia Brasil)foto Ibama

Depois de fazer bravata na reunião dos Brics, grupo de países que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e dizer que revelaria nomes de países que atuam como “receptadores” de madeira ilegal que sai do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro recuou na quinta-feira, 19.

Em vez de países, Bolsonaro disse que o governo tem, na realidade, “nomes de empresas” que comprariam produtos brasileiros de forma ilegal. Nem mesmo esses nomes, porém, foram citados.

No mesmo dia em que acusou os países europeus de comprar madeira ilegal no Brasil, veio a público um relatório mostrando que foi o próprio governo Bolsonaro que aboliu regras que impediam a comercialização ilegal de madeira da Amazônia. Os documentos mostram que em fevereiro, madeireiras do Pará pediram ao Ibama para mudar uma regra de controle de exportação que existia há nove anos.

As empresas queriam vender madeira para o exterior apresentando apenas o documento de origem florestal (DOF), feito pelas próprias empresas e que originalmente só serve para permitir o transporte da mercadoria até o porto. A regra tinha o objetivo de coibir a extração ilegal de madeira e a sua exportação.

Eduardo Bim, indicado de Bolsonaro para a direção do Ibama, contrariou laudos técnicos da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama e fez exatamente o que os madeireiros solicitaram: suspendeu – por meio de um despacho – os efeitos de uma instrução normativa. Isso tudo depois do completo esvaziamento que o governo Bolsonaro fez nos organismos de fiscalização do meio ambiente.

Esta medida do governo para facilitar o contrabando de madeira está dentro do que defendeu o ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles, na famosa reunião ministerial de 22 de abril. Ele disse com todas as letras que o governo tinha que aproveitar que só se falava em pandemia para “passar a boiada”, ou seja, para derrubar as regras de defesa do meio ambiente.

“Nós temos aqui os nomes das empresas que importam isso e os países que elas pertencem. A gente não vai acusar o país A, B ou C de estar cometendo um crime. Mas empresas desses países, sim. Isso já está em processo. Isso vai se avolumar, no meu entender, ao ponto tal que se tornará não atrativo (sic) a importação de madeira ilegal”, disse Bolsonaro, ao recuar do que tinha anunciado antes.

As declarações de Bolsonaro divergem daquelas que deu na terça-feira, 17, quando voltou a afirmar que revelaria “nos próximos dias” a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia. Em discurso na cúpula do Brics, Bolsonaro afirmou que o País sofre com “injustificáveis ataques” em relação à região amazônica e ressaltou que algumas nações que criticam o Brasil também importam madeira brasileira ilegalmente da Amazônia.

Cada vez mais isolado, principalmente depois que seu guru Donald Trump, outro idiota como ele, foi defenestrado do governo americano, e também porque o mundo inteiro está assistindo a destruição, a mando direto do Palácio do Planalto, dos órgãos de controle e repressão aos crimes ambientais no Brasil, Bolsonaro voltou a usar a narrativa de que haveria interesses de outros países em prejudicar o Brasil, por causa de sua competitividade em commodities agrícolas.

Bolsonaro citou a França e um projeto de lei no Reino Unido que, segundo ele, prevê que não se importe mais commodities de produtos vindo de países que desmatam. “Aí, (cortaria) soja, café, açúcar, borracha, seja lá o que for, de países que praticam o desmatamento… E o ano que vem, novembro do ano que vem, teremos um encontro da cúpula europeia sobre mudanças climáticas. E esse assunto vai falar alto lá. Daí outros países podem adotar a mesma coisa”. “A intenção é sempre nos deixar isolados naquilo que nós temos na nossa economia, que é o mais pujante, que é a locomotiva da nossa economia, que é o agronegócio”, afirmou.