Mineração ilegal em terras indígenas

O assessor jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Yuri Niwa Wani Marubo, afirmou que o governo Bolsonaro “potencializou” os crimes na Amazônia ao desmontar os órgãos de fiscalização.

Os problemas na região, explicou, “só vêm se potencializando”. A Terra Indígena passou a ser controlada por traficantes, grileiros e outros criminosos.

“Este governo é algo que foge da concepção, não dá suporte para nenhum dos órgãos que atuam na região: Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e Polícia Federal. Falo por conhecimento de causa”, disse.

Segundo ele, “o governo já perdeu todo o controle da região” da Terra Indígena do Vale do Javari, onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados, por conta do sucateamento dos órgãos de fiscalização.

Com a ausência dos órgãos de controle, a fiscalização fica nas mãos dos indígenas da região. “Isso ocorre devido à ausência do Estado nos locais isolados. Quando há essa ausência, recai um peso exacerbado junto às organizações, indígenas ou dos povos tradicionais, um papel que não é delas. Passam a fazer um papel de Estado, de governo, de polícia, de Exército”.

“O certo deveria ser esses agentes fiscalizarem, comunicarem o que ocorre dentro das comunidades indígenas, e o que está acontecendo é o inverso. Nós não temos o poder de polícia”, apontou Yuri.

“Nos últimos 10 anos, tudo ficou bem ruim. Hoje, a PF tem seis homens em Tabatinga para cuidar da fronteira, o governo não dá condições mínimas para a polícia de Estado fazer seu trabalho. Não tem condições de fazer operações com esse contingente em 8,6 milhões de hectares, um local que é praticamente do tamanho de Portugal. O governo já perdeu todo o controle da região”, continuou.

Para Yuri Marubo, “quem ganhou foi a organização criminosa, e quem perdeu foi o Brasil, porque Bruno era a maior autoridade para o reconhecimento dos povos isolados no país”.

“Estamos muito preocupados com a nossa segurança. Não sabemos como será depois desse caso e como ficarão as lideranças”, admitiu.

O pescador Amarildo da Costa Oliveira, também conhecido como “Pelado”, confessou que matou e enterrou os corpos de Dom e Bruno. Ele levou as autoridades até o local onde enterrou os dois, que, segundo a Polícia Federal, ficava 3,1 km mata adentro.

A Polícia ainda não deu nenhuma informação sobre os mandantes do crime, tendo apenas divulgado a versão de Amarildo, que teria assassinado, junto com seu irmão, Bruno e Dom porque foram flagrados fazendo pesca ilegal.