Com claro viés eleitoral, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste domingo (17), na tevê, o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional por conta da Covid-19. Assim, o titular da pasta atende a mais uma determinação de Bolsonaro que, durante toda a pandemia, adotou uma política negacionista sobre o assunto.

“Essa foi uma medida exclusivamente eleitoreira, respondendo às necessidades eleitorais do presidente da República, que se afastou da decisão de governar o Brasil durante esses dois anos, redundando em 660 mil mortes”, disse ao UOL o médico sanitarista Gonzalo Vecina.

O representante da Sociedade Brasileira de Infectologia Marcelo Daher explicou que, apesar do momento mais tranquilo, é impossível de prever se as coisas se manterão da mesma forma no futuro. Em entrevista ao Reconta Aí, ele alertou para o que acontece fora do país onde o número de casos continua crescendo sem maior gravidade, mas com muitos diagnósticos. “Com os dois feriados – Sexta-feira Santa e Tiradentes – além do Carnaval fora de época promovido por algumas prefeituras, os casos podem voltar a crescer”, prevê.

No parlamento, as críticas ao governo foram de imediato. “Queiroga anuncia o fim da pandemia, apesar do genocida Bolsonaro e da incompetência dele próprio. Não se sabe se combinou com o vírus. Por precaução, melhor não dar mole”, ironizou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que, desde quando o ministro da Saúde assumiu o cargo até o último dia 14 de abril, 362.970 brasileiros morreram de covid-19 (54% do total). E advertiu: “Agora, Queiroga quer decretar de qualquer forma o fim da pandemia para agradar seu chefe, mas é preciso cautela. Vamos derrotar o coronavírus e também o vírus bolsonarista”.

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) também usou suas redes sociais para condenar a medida. “Muita irresponsabilidade colocar fim da emergência em saúde pública por covid-19. Apesar do número baixo de contaminação em alguns estados, o país não completou o esquema vacinal e ainda há risco de aumentos, como em outros países”, escreveu no Twitter.

Para o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde, a decisão é temerária. Ele postou no Twitter: “Fim de emergência sanitária declarada pelo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é a declaração que o governo federal está LAVANDO AS MÃOS para o Brasil. Metas vacinais não alcançadas, inverno chegando: o bolsonarismo está colocando o Brasil em perigo.”

O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da CPI da Covid, protestou contra a fala do ministro na tevê: “É muita cara de pau Queiroga ir pra TV falar que eles fizeram algo para salvar vidas! Se não fosse a CPI da Pandemia não tinha vacina, tinha propina pros integrantes do Governo! A VACINA está garantindo a superação da pandemia, o Governo garantiu a CRISE!”.

 

Por Iram Alfaia

(PL)