Ao ser questionado por um repórter sobre depósitos realizados por Fabrício Queiroz na conta de sua esposa, Michelle, Bolsonaro se irrita com jornalista e diz tinha vontade de “encher sua boca de porrada”.

O caso ocorreu durante visita à Catedral de Brasília neste domingo (23). Bolsonaro foi perguntado por um repórter do jornal O Globo sobre o motivo dos depósitos de Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro e amigo de longa data de do presidente, feitos na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

O presidente, então, ameaçou raivosamente o repórter com a afirmação: “A vontade que eu tenho é de encher sua boca de porrada”.

Os repórteres presentes o questionaram e quiseram saber se o ataque era dirigido a toda imprensa ou apenas ao repórter. “Isso é uma ameaça presidente?”, perguntaram. Bolsonaro ficou calado.

A quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz revelou que ele depositou 21 cheques na conta de Michelle Bolsonaro, totalizando R$ 72 mil entre 2011 e 2016.

Os depósitos entre 2011 e 2013 eram em cheques de R$ 3 mil. Em 2011, foram três cheques, somando R$ 9 mil passados para Michelle Bolsonaro, em 2012 foram seis, somando R$ 18 mil, e em 2013 foram, novamente, três cheques, completando R$ 9 mil. Em 2016 foram noves cheques que totalizam R$ 36 mil.

Entre janeiro e junho de 2011 também foram registrados depósitos feitos pela esposa de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar, que somam mais R$ 17 mil passados para Michelle Bolsonaro.

Fabrício Queiroz operava o esquema de “rachadinha” no gabinete de Flavio Bolsonaro quando o filho de Bolsonaro era deputado estadual.

No fim de 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) relatou o depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz para Michelle, Jair Bolsonaro disse que se tratava da devolução de parte de um empréstimo de R$ 40 mil que ele supostamente teria feito para o ex-assessor de seu filho e faz-tudo da família.

Após as novas revelações ficou claro que Bolsonaro mentiu. Esse mesmo relatório informou que o ex-assessor movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, valor que não condizia com seu salário. Mais tarde, descobriu-se que entre janeiro de 2014 e de 2017, Fabrício Queiroz movimentou R$ 7 milhões.

Queiroz recolhia parte do salário dos assessores de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e repassava parte para a família Bolsonaro, conforme denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro. Com parte do dinheiro, pagou mais de R$ 150 mil das mensalidades escolares dos filhos de Flávio.

Queiroz foi preso pela Polícia Federal quando estava escondido no sítio do ex-advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.