Bolsonaro ironiza aumento do preço do ovo
Ao comentar o aumento do preço do arroz com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o preço do ovo também aumentou, mas que isso faz parte da “lei da oferta e da procura”.
“Aumentou o preço do ovo também, né?. É a lei da oferta e da procura. É igual o arroz”, disse Bolsonaro, na manhã desta quarta-feira (16). Por conta da disparada dos preços do arroz, da carne, e de outros alimentos em meio a pandemia, o ovo passou a ser opção das famílias brasileiras que estão com dificuldade para ter acesso outros alimentos que estão caros.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, a caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos, que saía a R$ 101,83 em 28 de agosto, subiu para R$ 105,40 em 4 de setembro e para R$ 105,79 em 11 de setembro. O ovo branco, nas mesmas datas foi de R$ 81,61 para R$ 87,30 e chegou a R$ 87,47.
Em abril, este alimento do dia a dia dos brasileiros chegou a R$ 137,87 (vermelhos) e a R$ 116,85 (brancos).
O motivo desta disparada dos preços dos alimentos no Brasil é a exportação, que está sendo feita de forma descontroladas, de nossos produtos para outros países. Com o dólar nas alturas, especuladores estão aproveitando para aumentar, ou reaver ganhos, na pandemia. No outro lado, os alimentos que não são exportados acabam subindo por influência das proteínas e grãos que ficaram mais caros.
Para Bolsonaro isto é normal. “É a lei da oferta e da procura”. Por Bolsonaro, hoje, com a economia em recessão, queda vertiginosa da renda e com o desemprego acima dos 13% no País, as famílias brasileiras, principalmente, as que vivem às margens da miséria, para ter acesso aos alimentos que são produzidos em seu próprio País, vão ter que saquear os supermercados ou vão morrer de fome.
Mas é certa essa lógica de que o Estado não deve intervir nos preços ou no mercado de exportação de alimentos, com o fim de proteger a sua população de especuladores de commodities (grão, carnes, soja etc.), de problemas causados pelas entressafras, entre outros?
Na pandemia, os governantes de países, que estão no topo da exportação de alimentos no mundo, decidiram suspender novos contratos de exportação na pandemia, com objetivo de proteger seu povo da escassez de alimentos e das altas dos preços.
Em abril, a Índia, China, Vietnã e a Tailândia, que são os maiores exportadores de arroz do mundo, restringiram as exportações.
Ao contrário do que pensa Bolsonaro e seus correligionários, outros países também agiram para aumentar seus estoques de alimentos e restringiram, ou reduziram, as exportações de alimentos.
Em março, o Cazaquistão, um dos maiores exportadores mundiais de farinha de trigo, proibiu a exportação desse produto e outros como cenoura, açúcar e batata.
Argélia proibiu a exportação de mais de 1.200 produtos, a maioria deste alimentícios. Outros países africanos também seguiram o exemplo dos argelinos.
El Salvador suspendeu a saída de feijão até dezembro de 2020.
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