A deputada estadual Jandira Feghali (PCdoB-RJ), em debate promovido pela Carta Capital, na última segunda (7), avaliou que Bolsonaro foi claramente o grande derrotado nestas eleições municipais de 2020.

O encontro virtual contou também com a participação do ex-ministro e ex-presidente do PT, José Dirceu, o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) e Antônio Neto, presidente do PDT em São Paulo. Em debate, os resultados das eleições municipais de 2020 e os caminhos para os partidos de esquerda em 2021.

Para Jandira Feghali, a eleição deste ano mostrou que o discurso antipolítica – que elegeu Bolsonaro em 2018 – foi derrotado e que, apesar de algumas derrotas, a esquerda se mostrou “resiliente”, o que pode indicar um movimento positivo para os próximos anos.

“Tivemos resultados importantes em cidades importantes. Considero que não houve uma derrota estrondosa da esquerda, teve renovação de lideranças, expressões importantes, diferentemente do que aconteceu em 2016. Bolsonaro foi claramente derrotado, mas temos que reconhecer que centro e centro-direita ocupam um cenário diferenciado que aponta uma preocupação nossa pra 2022. Por isso temos que ter responsabilidade como campo político olhando para 22. Há um deslocamento do eleitor para centro e centro-direita mais há uma resiliência no nosso campo”, considerou.

José Dirceu, fez uma análise em que projeta a derrota de Jair Bolsonaro em 2022. “Na minha avaliação, Bolsonaro perde a eleição. A não ser que tenha algo que obrigue a elite do país a ir com ele. Mas acredito que o centrão não persista em mantê-lo. A tendência é uma disputa entre a direita liberal, o bolsonarismo e a esquerda”, pontuou.

Segundo Dirceu, “Bolsonaro está pensando só na eleição e não vai aceitar o que os liberais querem fazer” e, por isso, a direita encontrará uma candidatura de centro que tem fortes chances de ir ao segundo turno, o que seria um “problema para a esquerda”.

Antônio Neto, do PDT, concordou que a esquerda deve se unir em uma grande frente contra o bolsonarismo, pontuando que esta união deve se dar em torno de um projeto de país e, só depois, ser apontado um candidato para esse projeto. “O que nós estamos errando é que a gente não tem um projeto. Não temos um projeto nacional. Precisamos trabalhar um projeto, e a partir de um projeto reunir as forças. Sejam elas de centro, centro-esquerda, centro-direita e parte da própria direita. Normalmente estamos sendo escolhidos para ir para o segundo turno e perder”, opinou.

“Essa discussão é importante para estabelecer um projeto e formar um arco de alianças. Agora é hora da maturidade”, completou o pedetista, citando a frente formada para a eleição de Lula, em 2002 e depois as reeleições petistas, que reuniam partidos de centro-direita e esquerda.
Marcelo Freixo foi na mesma linha, mas ponderou que a esquerda não deve ficar procurando um nome que atraia o centrão para a formação de uma frente, pois, desta maneira, correrá o risco de não estar no segundo turno em 2022.

“Nossas alianças não podem ser só eleitorais, têm que ser de um projeto de país e tem que acontecer em 2021. Uma aliança para a sociedade. Claro que o que vai ditar essa aliança é uma agenda anti-bolsonarista. Mas se ficarmos disputando quem da esquerda é capaz de trazer o centro, desculpa, mas a tendência é que alguém do centro vá para o segundo turno sem a esquerda”, frisou.

Assista a íntegra da conversa:

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