O governo federal zerou a alíquota de importação de pistolas e revólveres a partir de janeiro de 2021. Enquanto os brasileiros estão preocupados com o avanço da epidemia da Covid-19 no País, nesta quarta-feira (9), em sua rede social, Bolsonaro festejou o fim do imposto de importação cobrado sobre armas de fogo, que foi autorizada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão subordinado ao Ministério da Economia.

“A Camex editou resolução zerando a alíquota do Imposto de Importação de Armas (revólveres e pistolas)”, escreveu Bolsonaro no Twitter, acompanhado de uma foto em que está de arma em punho em um estande de tiro.

A mudança na alíquota, que era de 20% até então, foi publicada no “Diário Oficial da União” (DOU) desta quarta-feira.

Empresários e entidades da Indústria Nacional de Segurança e Defesa criticaram fortemente a medida, que favorece apenas as empresas estrangeiras. Para o Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (SIMDE), a iniciativa do governo agravará a desindustrialização no país.

A medida “não preserva os empregos da indústria, não atrai investimentos para instalação local de fábricas e não estimula o desenvolvimento local”, destacou a entidade em nota, ao apontar que a indústria nacional é responsável por movimentar quase 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e aporta “mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, com salários acima da média nacional”.

Na nota, o SIMDE afirmou que Bolsonaro colocou os empregos do setor em risco. “A ação de zerar a alíquota de importação de revólveres e pistolas, se pretendeu facilitar a aquisição de armas no Brasil, acabará por reduzir empregos, gerar menos divisas, diminuir o investimento em tecnologia e transferir indústrias para o exterior”, destacou o SIMDE.

A entidade diz que “continuará buscando a interlocução qualificada nos mais altos níveis do Governo e do Congresso Nacional”, para que haja “uma revisão” do decreto, ou que se crie alguma medida para também “isentar os impostos da indústria nacional, assegurando assim igualdade de competição”.

A empresa Taurus também reagiu ao decreto que isenta empresas bélicas estrangeiras de imposto, e, em nota, advertiu: “Lamentavelmente, a medida irá acelerar o processo de priorização de investimentos nas fábricas da Taurus nos Estados Unidos e na Índia, em detrimento aos investimentos que iriam gerar mais empregos e riquezas no Brasil”, asinalou a maior fabricante de armas do Brasil.

“Falta de prioridade e sensibilidade”, lamentou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ao também criticar a decisão do governo de zerar a tarifa de importação de armas.

“No dia em que a gente está debatendo a polêmica da vacina, de como vai resolver para comprar, o governo vai e isenta a importação de armas. Nos deixa perplexos pela falta de prioridade em alguns momentos e de sensibilidade por parte do governo”, sentenciou Maia.

“As pessoas estão perdendo as vidas, aumenta o número de infectados, os hospitais estão ficando sem leito de UTI e nós vemos a isenção para importação de armas. Me parece que há distorção de prioridades ou falta de prioridades por parte do governo”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, em entrevista à imprensa.