O ministro Paulo Guedes

O ministro Paulo Guedes disse em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, que aumento para policiais ou qualquer servidor público federal, só 5%. A declaração do ministro se dá em meio a uma revolta geral dos servidores públicos federais, incluindo as carreiras de segurança, que, há 4 anos sem reajuste, se mobilizam em todo o país desde o final do ano passado com greves, protestos e entrega de cargos comissionados nos órgãos.

Na quinta-feira (26), Bolsonaro confirmou que não há previsão de qualquer reajuste acima de 5%, índice já duramente criticado pelos servidores, uma vez que não repõe a inflação dos últimos 12 meses, que chega a 12,13% em abril. Se consideradas as perdas durante todo o governo Bolsonaro, chegam a 40%, de acordo com o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).

“O que foi feito lá atrás uma proposta de reajustar um pouco maior para os policias, houve reação dos demais setores do servidor público. Hoje em dia o que está na mesa é 5% para todo mundo”, disse Bolsonaro.

A reivindicação dos servidores é um reajuste emergencial de 19,99%, referente à inflação dos últimos três anos. “Não estamos pleiteando nada. Apenas a correção da inflação no período, que é de 19,99%. Quando a gente vai ao posto de gasolina, ao shopping, ao supermercado, não há desconto para o funcionalismo, com o salário defasado, porque está com os salários congelados há quatro anos. Pagamos o mesmo preço”, disse à RBA, na quarta-feira (25), o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva.

O dirigente sindical reclama que desde que assumiu, Bolsonaro não abriu nenhuma mesa de negociação com as representações das categorias do serviço público. “O governo mantém o desrespeito com o funcionalismo, não chama para conversar, para dialogar. Não há negociação”, disse.

Ele também critica o desmonte do serviço público promovido pelo governo, com a falta de concursos para repor o quadro de funcionários e desvalorização do funcionalismo. Segundo Sérgio Ronaldo, essa postura de Bolsonaro é coerente com a política do seu governo de “Estado zero” e a redução e “miserabilização” da oferta de serviço para a população. “É zero para o povo e zero para o serviço público, que se encontra na UTI”, disse.

“O serviço público está engessado. Atualmente o INSS tem 19 mil servidores, menos da metade do que tinha 15 anos atrás. Por isso uma fila de 3 milhões de pessoas aguardando para poder acessar seus benefícios. No período, o país passou de 665 mil servidores para 501 mil. São 164 mil a menos. Cada servidor está sobrecarregado, fazendo o serviço de três. É assim no posto de saúde, no hospital, no INSS, na Justiça do Trabalho. E a população, na ponta, mal atendida”, afirmou Sérgio Ronaldo.

Embasados na crescente insatisfação de todas as categorias de servidores, entidades como o Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado, além de sindicatos e associações do funcionalismo federal estão organizando uma grande mobilização em Brasília, no próximo dia 31.