No primeiro turno das eleições, realizado em 15 de novembro, os eleitores brasileiros escolheram os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios do país. Ao todo, foram preenchidos 67,8 mil cargos públicos eletivos.

Por Nivaldo Santana*

O segundo turno das eleições, em 29 de novembro, envolveu 57 dos 95 municípios brasileiros que têm mais de 200 mil eleitores. O sistema federativo brasileiro é dividido em 26 estados e o Distrito Federal. A base são os municípios nos quais foram escolhidos os novos prefeitos e vereadores.

Uma avaliação preliminar das eleições ratifica a opinião de que a popularidade do presidente Bolsonaro está em queda. Sua péssima performance no combate à pandemia da Covid-19, a crise econômica, o desemprego e suas práticas antidemocráticas corroem o seu prestígio político.

Em alguma medida, pode-se dizer que a derrota de Trump nos Estados Unidos e o avanço de forças democrático-populares na Bolívia e no Chile também criaram um ambiente mais favorável para a oposição.

Neste contexto, a grande maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro sofreram derrotas importantes. Esse é o primeiro dado positivo do processo eleitoral.

Outro fato importante foi a derrota de partidos e candidatos que negam a atividade política e se colocam como verdadeiros outsiders. Nas eleições presidenciais de 2018, que levaram Bolsonaro ao poder, dezenas de lideranças se elegeram com o discurso de negação do sistema político, das instituições e do estado democrático de direito. Dois anos depois, esses discursos hipócritas não lograram êxito e foram rejeitados pela população.

Se a extrema direita foi derrotada, o que é consenso entre a imensa maioria dos analistas, a verdade é que foram os partidos de direita liberal e de centro os principais beneficiários do descrédito do governo Bolsonaro.

As principais prefeituras e o maior número de vereadores ficaram nas mãos de partidos conservadores, adeptos do neoliberalismo econômico, avessos às demandas trabalhistas e sociais. A diferença, no entanto, é que essas forças políticas respeitam o estado democrático de direito e não fazem coro com as prédicas golpistas do governo Bolsonaro e de seus seguidores.

A esquerda e a oposição democrática, embora não tenham sido as principais vencedoras das eleições, conseguiram estancar o tsunami fascista que assola o país nos últimos dois anos e se colocaram como protagonistas relevantes do processo político brasileiro.

Depois do golpe que levou ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2018, a esquerda brasileira conseguiu importantes ganhos políticos nas eleições e se credencia para jogar um grande papel nas eleições gerais de 2022.

O Partido Comunista do Brasil, em particular, teve um desempenho semelhante aos demais partidos de esquerda. Os votos e as vitórias alcançados ficaram aquém das metas estabelecidas, principalmente pelas grandes e restritivas alterações na legislação eleitoral e as dificuldades de fazer campanha em meio à grave pandemia que assola o país.

No conjunto do país, o PCdoB elegeu 46 prefeitos e mais de 700 vereadores. Na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, a candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, teve um desempenho excepcional e não alcançou a vitória por pequena margem.

Os próximos desafios do PCdoB, a partir de uma criteriosa avaliação das eleições, dos êxitos e também das insuficiências, é se preparar para as grandes batalhas em curso.

A linha principal é a busca da construção de uma ampla unidade das forças políticas e sociais para derrotar o governo Bolsonaro e abrir uma nova rota de desenvolvimento econômico com soberania, democracia e valorização do trabalho.

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Nivaldo Santana* é Secretário Sindical do PCdoB e secretário de Relações Internacionais da CTB

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