A militante de diretos humanos Diva Santana, que é irmã de uma vítima da ditadura civil-militar (1964-1985) e integrante da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), condenou o mais novo ataque de Jair Bolsonaro à ex-presidenta Dilma Rousseff. Em uma conversa com apoiadores, o presidente sugeriu, nesta segunda-feira (28) que Dilma precisava apresentar um raio-x da mandíbula para provar que sofreu tortura no período.

Para Diva, a postura reiterada de deboche do presidente em relação ao que sofreram as vítimas da ditadura e familiares só é possível ser explicada pela impunidade. Ela lembrou que Bolsonaro ataca o movimento de luta pela memória e verdade desde quando era deputado federal, chegando a cuspir no busto que homenageia o desaparecido político Rubem Paiva, na Câmara dos Deputados, em 2014.

“Apesar de decisões da Corte Internacional, da Anistia Internacional, de sentenças condenatórias ao Brasil, de pedidos de esclarecimentos feitos ao país sobre os crimes cometidos na ditadura, essas pessoas ainda não respeitam. Perdemos o bonde da História. Se tivesse sido punido, esse ser abjeto [Bolsonaro] não estaria fazendo esse deboche que é o limite da falta de respeito”, declarou a conselheira.

Diva Santana ainda defendeu que, apesar da revolta com a postura cruel de Bolsonaro, não se deve ‘descer ao mesmo nível’, mas lutar para que seja possível derrota-lo. “[O presidente] É um provocador barato. Não devemos nos submeter às provocações. Vamos resistir e lutar para tirar ele da administração do nosso país”, completou.

A conselheira é irmã de Dinaelza Coqueiro, baiana que atuou na Guerrilha do Araguaia, na década de 70, e que é mais uma entre os desaparecidos políticos do país. Ela também é diretora do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), integra o Conselho de Direitos Humanos da Bahia e representa os familiares de mortos e desaparecidos na CEMDP.

 

(PL)