Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, ao lado de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Bolsonaro, em mais uma de suas tentativas de usar o cargo para defender seus próprios interesses, ou de seus apaniguados e familiares, ameaçou abertamente os servidores públicos da área ambiental por estarem “atrapalhando” a vida do seu apoiador Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Aquele mesmo que foi multado pela Justiça Eleitoral por propaganda ilegal e por coagir seus empregados a votarem em Bolsonaro.
Segundo o presidente, o empresário estaria tendo dificuldades para conseguir licença ambiental para a construção de uma loja em Rio Grande (RS).
“Eu tenho ascendência, porque os diretores, o presidente, têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não”, disse Bolsonaro em live na última sexta-feira.
Diante das palavras do presidente, da ameaça de que enviaria funcionários para a “ponta da praia”, uma espécie de gíria usada na ditadura em referência a lugares de execução, e de expressões como “cortar a cabeça”, a Ascena Nacional, associação que reúne servidores de diversas carreiras do Ministério do Meio Ambiente, afirmou que vai denunciar o presidente em fóruns internacionais de direitos humanos.
“O presidente da República nos obriga, com suas declarações, a rememorar o que foi aquele período obscuro do país, do qual ele e seus filhos têm tanta saudade. Ameaças às instituições como STF, à imprensa, aos servidores públicos, às populações tradicionais e a inoperância no enfrentamento de crimes ambientais não podem ser a tônica de um governo que se pretenda democrático”, critica a associação.