Bolsonaristas discutem com o reitor do Pedro II que tentou impedir a invasão - Foto: Reprodução G1

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou que “99% dos traficantes são negros”.
“Quando você entra em favelas e se depara com o narcotraficante portando fuzis, 99% são negros. Estou dando um fato, não estou sendo racista. É estatística clara. São menos brancos”, disse.
“Tem mais negros com armas, mais negros no crime e mais negros confrontando a polícia”, continuou com sua fala racista na tribuna da Câmara.
No dia 19, um dia antes do Dia da Consciência Negra, o deputado bolsonarista Coronel Tadeu (PSL-SP) quebrou um quadro da exposição em homenagem à data na Câmara dos Deputados.
O cartunista Latuff é o autor da ilustração, que depois foi recolocada na exposição.
O quadro denuncia as mortes da população negra por ação da polícia.
Depois de ter sido repudiado na Câmara – o próprio presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o caso foi “grave” e que “numa democracia, num país livre, não é porque nós divergimos da posição da outra pessoa que nós devemos agredi-la verbalmente, fisicamente” – o coronel recebeu o apoio do deputado Daniel Silveira, o mesmo que quebrou uma placa em homenagem à vereadora barbaramente assassinada Marielle Franco.
Silveira disse que Tadeu tinha o direito de quebrar a placa porque ela queimava a imagem de toda a Polícia, o que não é verdade. A polícia mata negros porque “são os negros que cometem crimes”, disse o racista.
“Tem mais negros com armas, mais negros no crime e mais negros confrontando a polícia. Como a maior parte da população carcerária é formada por negros no Brasil, é porque mais negros cometem crimes. E vão dizer mais uma vez ‘Eu não tive oportunidade da sociedade’. Não quis estudar, preferiu furtar”.
Mais tarde, o deputado voltou ao plenário da Câmara para “esclarecer” sua fala, continuando a sua enxurrada racista.
“E se você tem mais negros morrendo em confrontos com a polícia… é como se eu precisasse explicar o evidente”, argumentou o deputado.
Para justificar a matança de negros e ao mesmo tempo dissimular seu racismo, o deputado disse que “o meu falecido padrasto era negro, um dos meus melhores amigos. O namorado anterior da minha mãe era negro, um dos meus melhores amigos também. Infelizmente, eles faleceram. O meu irmão, que também faleceu, infelizmente, era homossexual”.
Conforme a última edição do Atlas da Violência de 2019, divulgado no dia 6 de junho, 75,5% das vítimas de assassinato em 2017 eram indivíduos negros.
A taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) por grupo de 100 mil habitantes foi de 43,1, ao passo que a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) foi de 16,0. Ou seja, para cada indivíduo não negro que sofreu homicídio em 2017, aproximadamente, 2,7 negros foram mortos.
Os dados mostram uma piora da situação uma vez que, em 2016, 71,5% dos assassinados no Brasil eram negros.
Em resposta aos deputados racistas, Coronel Tadeu (SP) e Daniel Silveira (RJ), que dizem que os negros são mortos pelos maus policiais porque “99% traficantes”, o historiador e ativista negro, Henrique Oliveira, rebateu:
“O que dizer para a família da garota Ágatha Félix? O que dizer sobre o jogador de futebol Dyogo Coutinho, que também foi atingido por policiais militares em agosto deste ano? Ou os pais da adolescente Maria Eduarda, atingida por dois tiros efetuados por policiais quando estava dentro da escola, dos 5 jovens negros que tiveram o carro fuzilado por 111 tiros em Costa Barros, cujo policiais acabaram de ser condenados a 52 anos de prisão? É tudo coincidência que nenhuma dessas vítimas seja branca ou todos eles também trocaram tiros com policiais?” (ver art. Os negros não são maioria no tráfico, é a guerra às drogas que só ocorre nas favelas – Almapreta.com).