Encontro do candidato do MAS com jornalistas no tradicional Mercado Lanza de La Paz | Foto: SM Digital

A poucos dias das eleições presidenciais na Bolívia, a última pesquisa eleitoral elaborada pelo instituto Ciesmori para a rede Unitel, divulgada no domingo (11), indica que o candidato do Movimento Ao Socialismo, MAS, Luis Arce Catacora, deve vencer com 42,2% dos votos válidos.

O segundo colocado nestas pesquisas é Carlos Mesa que concorre pelo partido Comunidade Cidadã (CC), com 33,1% das preferências.

Esse resultado coloca Arce a menos de um ponto percentual para ganhar no primeiro turno as eleições gerais marcadas para o próximo dia 18 de outubro. Isto porque a Lei Eleitoral boliviana determina que se o candidato vencedor conquista mais do que 40% dos votos e estabelece uma vantagem de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado é proclamado presidente do Estado Plurinacional já no primeiro turno.

O economista Luis Arce, ministro da Economia no governo de Evo Morales desde 2006 até novembro de 2019, destacou-se como arquiteto do “milagre boliviano”: foram 14 anos de crescimento econômico constante, combinado à redução da pobreza, da desigualdade e à aplicação dos programas de industrialização do gás natural do país, das indústrias de petróleo e dos primeiros passos da industrialização do lítio.

Ele coordenou a nacionalização da indústria de hidrocarbonetos, o estabelecimento de uma série de programas sociais, o reconhecimento do setor “social-popular” da economia e orientou o aumento significativo do salário mínimo do país.

Seu companheiro de chapa é David Choquehuanca, representante dos movimentos sociais do país, assim como da filosofia indígena aymara do “Bem Viver”.

Em relação ao amplo apoio, que vai além do “voto já fechado” com o MAS, Arce disse que é cada vez maior o número de microempresários, empresários, “muita gente da classe média e inclusive da alta que sabe que para não perder o que têm precisam de um governo que invista no desenvolvimento, na produção e garanta segurança econômica”.

Porém, Arce advertiu que “nós vemos os resultados das pesquisas sempre com cautela, sabemos que a proposta do MAS, o único partido que propõe e tem alternativas, é amplamente acolhida”, frisando que “estamos atravessando uma profunda crise econômica, que também requer soluções profundas” e que não se pode confiar em um governo – o de Jeanine Áñez – que foi capaz de não respeitar a vontade popular.

PAPEL DA IMPRENSA

Em coletiva de imprensa no sábado (10), Arce convidou os jornalistas e os meios de comunicação a participarem na recuperação da Pátria e da democracia.

“Eu acredito que aqui a imprensa joga um papel protagonista e importante. Por isso é que tenho mencionado que recuperemos a Pátria junto com a imprensa”, disse o candidato do MAS no encontro com jornalistas de diferentes meios de comunicação no tradicional Mercado Lanza de La Paz.

Arce afirmou que o jornalismo é um pilar fundamental na Bolívia. “Exortamos os irmãos jornalistas, homens e mulheres que estão na rua cobrindo as notícias em contato direto com a nossa gente que possam justamente contribuir a recuperar a Pátria, que é uma obrigação histórica e nós vamos respeitar a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa”, assinalou.

Durante entrevista na Argentina, onde reside desde que o governo auto-proclamado de Añez assumiu, o ex-presidente Evo Morales defendeu que a Bolívia deve superar um problema até agora não resolvido; precisa não só construir fortes meios de comunicação estatais como “também meios de comunicação do povo, da força social, bastante convictos”.

Neste contexto, Arce relatou que, quando era Ministro de Economia havia absoluta liberdade de imprensa a tal ponto que muitos davam uma de “opinadores”, e que agora alguns desses comentaristas funcionam como servidores públicos em altos cargos, mas não têm se colocado a tarefa de resolver os problemas econômicos do país.

Segundo o cronograma eleitoral oficial, os atos de encerramento de campanha poderão se realizar até a próxima quarta-feira (14), data escolhida pelo MAS para sua última mobilização antes da ida às urnas.

Luis Arce e David Choquehuanca participarão de um ato com os seus partidários em Senkata, em El Alto, a segunda maior cidade da Bolívia, perto da capital, La paz, e também se reunirão com os seus simpatizantes em Sacaba (Cochabamba).