Bolívia devolve ao FMI empréstimo ‘irregular e oneroso’
O Banco Central da Bolívia (BCB) devolveu esta semana ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo contraído irregularmente junto ao organismo pelo governo de imposição de Jeanine Áñez, que após a tomada de poder de assalto, em novembro de 2019, foi até o organismo gestionar um crédito contrário aos interesses nacionais.
Em comunicado, a direção do BCB informou que, “como agente financeiro do governo, em defesa da soberania econômica do país, e logo após realizar as gestões administrativas diante do credor, efetuou o pagamento total de US$ 351,5 milhões”.
”Além de ser irregular e oneroso pelas condições financeiras, o crédito gerou custos econômicos adicionais e milionários ao Estado Boliviano, que em fevereiro de 2021 somam US$ 24,3 milhões, dos quais US$ 19,6 milhões pela variação cambial e US$ 4,7 milhões por juros e comissões”, frisou a instituição.
Foi necessário estancar o processo, alertou o BCB, pois o empréstimo condicionaria uma série de imposições fiscais, financeiras, cambiais e monetárias, “violando assim a soberania e os interesses econômicos do país”.
A entidade bancária – que é vinculada ao Executivo – também anunciou que realizará ações civis e penais contra funcionários governamentais que tenham responsabilidade na gestão do apoio do FMI.
Com a chamada “assistência financeira” solicitada ao organismo internacional, Áñez tentava passar a imagem de um país de joelhos, carente, que passava por necessidades na balança de pagamentos derivada da Covid-19, que precisava de recursos para enfrentar os gastos médicos e medidas de ajuda supostamente para o bem-estar da sua população.
Isso tudo depois do ex-presidente Evo Morales e o Movimento Ao Socialismo (MAS) – que mantiveram o país distante do FMI ao longo do seu governo (2006-2019) -, terem decidido romper com as políticas do Fundo, a quem os governos voltados ao interesse nacional sempre acusaram de impor um receituário avesso aos interesses nacionais.
Após aprovar o crédito, submeteu ao parlamento a lei para sua aprovação, mas foi barrada pela maioria do MAS. Entre as inúmerras razões do rechaço à medida, os congressistas demonstraram que não havia sido reunido o conjunto dos documentos necessários, nem as condições de financiamento e nem as garantias.
Diante do dano econômico ocasionado aos cofres públicos, o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, informou que a Assembleia Legislativa Plurinacional avalia processar as autoridades do antigo regime.