Marcelo Montenegro, ministro da Economia, diz que país não se nega a pagar, mas precisa se recuperar

O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou que será suspenso o pagamento do serviço da dívida externa, para que se possa fazer frente ao descalabro econômico causado pela corrupção e a ineficiência do governo de fato de Jeanine Añez.

A suspensão, que envolve todos os pagamentos que o país realiza para quitar amortizações e juros de empréstimos e investimentos, se prolongaria até que a economia boliviana consiga recuperar-se da crise provocada pelo governo anterior.

O ministro boliviano de Economia, Marcelo Montenegro, esclareceu que o governo não se nega a pagar, “mas estamos pedindo um lapso para que a economia possa usar os recursos do serviço da dívida em prol de sua recuperação”.

Exemplificou que, se o país pede créditos em um bilhão de dólares, paga por serviço da dívida 800 milhões, e só restariam 200 milhões, montante que não ajudaria à reconstrução econômica.

O tempo que o presidente Arce calculou como necessário para usar esses fundos para enfrentar a crise é de dois anos.

Segundo números oficiais, em 30 de abril deste ano a dívida externa da Bolívia estava em 11 bilhões e 623 milhões de dólares, o que representa 27,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Montenegro informou que Áñez deixou os cofres do Estado com “algo mais de 580 milhões de dólares” e não com os 2,4 bilhões que anunciou duas semanas atrás o então ministro Branko Marinkovic. “Deixaram dados que não refletem a realidade”, disse Montenegro.

“Temos que dizer claramente, estamos recebendo dados de um governo de desastre, uma informação caótica, uma desinformação que infelizmente demonstra e corrobora quase um ano de caos, um ano de roubo que houve ao Estado boliviano”, disse o jurista Wilfredo Chávez, membro da Comissão de Transição do Movimento Ao Socialismo (MAS), que organizou a transferência do comando do país ao novo governo.