Bogotá: Oposicionista Cláudia vence e é a primeira prefeita da capital
A eleição da oposicionista Claudia López, a primeira mulher a se eleger prefeita da capital colombiana, Bogotá, neste domingo se deu no contexto de uma derrota generalizada dos candidatos do governo direitista e neoliberal de Iván Duque, que chegou apoiado no ex-presidente Álvaro Uribe.
Cláudia vem de uma casa de gente humilde mas de alto nível cultural. Sua mãe foi professora e estimulou os estudos da filha que chegou à universidade, formando-se em…., para depois chegar a deputada, notabilizando-se e tornando-se popular pela coragem de se dedicar ao combate à corrupção e aos milicianos que se imiscuíram na política da Colômbia.
Candidata pela Aliança Verde, superou outros candidatos oposicionistas em uma eleição na qual o candidato governista, Miguel Uribe, acabou ficando na última colocação.
As palavras de uma eleitora de Claudia, Ester Sofía Gutiérrez, expressam o significado dos resultados destas eleições na Colômbia: “Voto em Claudia porque conheço sua trajetória política. Ela tomou pulso e tem sido valente em escancarar todo esse fenômeno da parapolítica. Sua campanha contra a corrupção tem sido sensata. Filha de uma professora, sua proposta para a educação é muito possível, é trabalhar por uma educação para as pessoas com menos oportunidades”.
Ao celebrar a vitória Claudia comentou: “Nunca transigi com as engrenagens, enfrentei o narcotráfico e arriscaria tudo na minha vida para livrar os colombianos da voracidade da corrupção e da violência, das minorias outrora poderosas, outrora invencíveis que hoje derrotamos”.
Em outra das mais importantes cidades colombianas, Medelín, o prefeito eleito foi Daniel Quintero, ex-vice-ministro do ex-presidente Juan Manuel dos Santos que, ao chegar ao governo do país, se afastou do uribismo e esteve no centro das articulações e dos encontros em Havana com os guerrilheiros das Forças Armadas Colombianas, FARC, levando ao seu desarmamento e a passagem dos guerrilheiros para a militância no novo partido, Força Revolucionária Alternativa do Comum, preservando a mesma sigla, FARC.
Dois ex-guerrilheiros se elegeram prefeitos pela primeira vez: Guillermo Torres, por Turbaco e Edgardo Figueroa, em Puerto Caicedo.
Na histórica Cartagena de las Ínidas, o vitorioso foi William Jorge Dau, à frente da coligação opositora Salvemos Cartagena, que também se destacou no combate à corrupção.
“A corrupção se combate quando, além de denunciar e mostrar o rosto dos grandes financiadores, também se denuncia os funcionários que se prestam a roubar o erário público e os contratistas que não cumprem com as obras enquanto se enchem de contratos”, declarou Dau durante sua agora vitoriosa campanha.
A derrota do uribismo foi realmente generalizada. O partido desta corrente direitista, denominada Centro Democrático, teve seus candidatos derrotados nas principais cidades: Cali, Bucaramanga, Medelín, Santa Marta, Bogotá, Cúcuta, Montería, César, Boyacá, Manizalez e Caquetá, antes redutos de suas hostes.
No entanto, não foi uma vitória sem cobrar dolorosos sacrifícios: muitos líderes populares e políticos foram assassinados ou atacados. Com a derrota previsível, tentaram intimidar a oposição. Nos últimos 3 meses, 7 candidatos foram assassinados em diferentes pontos do país. Alguns de forma atroz, como Karina Garcia que foi incinerada junto com sua mãe e escolta. 88 receberam ameaças, 12 sofreram atentados, outro mais foi sequestrado. Ex-combatentes das FARC também foram assassinados.