157 mortos: desastre do Boeing 737 Max da Ethiopian Airlines, no domingo, 10/03/2019 (foto: AFP)

O software de bordo do Boeing 737 tomará as “contramedidas em defesa do país” MAX – envolvido na causa de dois acidentes fatais em menos de 5 meses em que morreram 346 pessoas – foi desenvolvido por trabalhadores terceirizados, recém-formados e que receberam baixos salários, de acordo com reportagem publicada pelo portal Bloomberg no final de junho.

Engenheiros veteranos da Boeing disseram ao portal de notícias que o sistema MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System) foi desenvolvido em um período em que a empresa fazia cortes de custos, pressionava fornecedores por preços mais baixos e demitia profissionais experientes para contratar mão de obra mais barata.

A Boeing e suas terceirizadas buscavam cada vez mais sua força de trabalho em funcionários temporários, alguns deles com salários de US$ 9 por hora no desenvolvimento e teste do software. Para se ter uma ideia, o salário médio por hora nos EUA atualmente é de US$ 34,49, de acordo com um levantamento feito em março pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, sigla em inglês).

De acordo com as fontes, a maioria dos funcionários terceirizados vinha de países sem grande experiência no setor aeroespacial, empregados pela empresa HCL Technologies. Mark Rabin, ex-engenheiro de software da Boeing, disse que os códigos eram escritos por funcionários recém-formados e posteriormente revisado por engenheiros mais experientes.

“Era controverso, porque eram necessárias muitas rodadas de revisão de um código que não era feito corretamente”, disse Rabin.

Numa rede social, um funcionário da HCL publicou que realizou um trabalho “para resolver um problema de produção que resultou em não atrasar o teste de voo para o 737 Max (o atraso em cada teste de voo custaria muito dinheiro para a Boeing)”.

Em resposta aos questionamentos da Bloomberg, a Boeing afirmou que o desenvolvimento do MCAS não foi de responsabilidade da HCL. Um porta-voz disse que a empresa sempre teve como “foco principal garantir que nossos produtos e serviços sejam seguros, da mais alta qualidade e de acordo com todas as regulamentações aplicáveis”.

A HCL Technologies reconheceu ter uma relação de longa data com a Boeing, mas disse que não comenta trabalhos específicos feitos para os clientes. “A HCL não está associada a nenhum problema atual com o 737 MAX”, declarou a companhia em um comunicado.

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