Ex-procuradora-geral da Califórnia será a vice de Biden na disputa pela Casa Branca

O candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, escolheu nesta terça-feira (11) para companheira de chapa a senadora pela Califórnia, Kamala Harris, ex-procuradora-geral do Estado mais populoso do país.

“Eu tenho a grande honra de anunciar que escolhi Kamala Harris — uma lutadora destemida pelos pequenos e uma das melhores servidores públicas do país — como minha parceira de chapa”, postou Biden no Twitter.

Kamala Harris é a única negra atualmente no Senado – e a segunda da história dos EUA – e também foi a primeira afro-americana e a primeira mulher a servir como procuradora-geral (secretária da Justiça) da Califórnia.

Kamala é, ainda, filha de imigrantes. Seu pai era jamaicano e professor de Economia em Stanford, enquanto sua mãe, indiana, era pesquisadora médica e ativista de direitos civis. Ela é formada em Direito.

Uma vitória democrata nas urnas de novembro sobre Donald Trump fará de Kamala a primeira mulher eleita para a vice-presidência dos EUA e, ainda, a primeira negra no cargo.

Com essa escolha, Biden cumpre sua promessa de ter uma mulher na vice da sua chapa à Casa Branca, e ao mesmo tempo integra a imensa energia liberada pelo protesto nacional contra o racismo que se seguiu à morte do cidadão negro George Floyd.

Também pelas redes sociais, Kamala agradeceu a indicação e afirmou que Biden irá “unir o povo americano” e como presidente “vai construir um país que vai ser bom para nossos ideais”. Ela tuitou, ainda, se sentir “honrada” e que irá fazer tudo que é possível para a vitória em novembro.

Biden relembrou que o filho morto em 2015, Beau Biden, que também era procurador, atuou junto com Kamala. “Eu tinha orgulho deles, e agora sinto orgulho de tê-la como minha parceira nesta campanha”, afirmou o candidato democrata.

Em sânscrito Kamala significa “flor de lótus” – o nome escolhido pelos pais, que chegaram aos EUA em plena luta pelos direitos civis para cursar a universidade. Conheceram-se, apaixonaram-se, tiveram as filhas Kamala e Maya, e acabaram por se separar. Kamala e a irmã cresceram, ao lado da mãe, em Oakland, na Califórnia.

Ao iniciar sua postulação à eleição presidencial de 2020, Kamala homenageou a mãe no Facebook, a quem atribui seu envolvimento político. “Pensando em mamãe. Ela era inteligente, destemida e a primeira integrante da minha equipe de campanha – gostaria que ela estivesse conosco neste momento. O seu espírito ainda me guia para lutar pelos nossos valores”. Kamala se retirou do pleito em um momento decisivo para a afirmação de Biden.

A escolha foi elogiada pelo ex-presidente Barack Obama. “Ela [Kamala] está mais do que preparada para o cargo. Ela passou sua carreira defendendo nossa Constituição e lutando pelos que precisam de um justo tratamento”.

Pela sua origem, Kamala não escapou às comparações com o ex-presidente, ele próprio filho de um estudante queniano e de uma americana branca do Kansas – sendo muitas vezes tratada pela mídia como uma “Obama feminina”.

Kamala se elegeu senadora na eleição de 2016, depois de ter sido procuradora pelo Distrito de San Francisco e procuradora-geral do Estado da Califórnia. No Congresso, ganhou proeminência pelo sufoco causado aos indicados de Trump à Suprema Corte ou ao Departamento de Justiça e também pela defesa do Obamacare.

O presidente Trump reagiu à escolha do oponente Biden, com um vídeo em que acusa Kamala de ser a preferida da “esquerda radical” e de querer “mais impostos” e abrir “as fronteiras”.