Berlim submete-se a sanções anti-Rússia e indústria alemã cai 3,9%
A produção industrial da Alemanha recuou 3,9% em março frente a fevereiro e 3,5% em relação ao ano anterior, informou nesta sexta-feira (6) a Destatis, a agência oficial de estatísticas do país.
A expressiva queda é resultado da submissão do governo alemão às sanções dos EUA contra a Rússia após o início do conflito militar com a Ucrânia, principalmente o embargo ao gás russo, o que elevou o preço da energia que pesou muito no estouro da inflação na Alemanha e em toda a Europa. Este resultado da indústria foi o pior desde o começo da pandemia, em abril de 2020, quando a retração foi de 18,1%.
Muitas empresas continuam lutando para processar seus pedidos devido às frequentes interrupções na cadeia de suprimentos como resultado de restrições contínuas decorrentes das sanções de Washington contra a Rússia, sob o pretexto de punir o Kremlin pela operação militar na Ucrânia para expulsar tropas nazistas do Donbass.
A situação é tão grave, alertou o instituto econômico alemão Ifo, que 80% das empresas industriais do país se referiram a problemas de abastecimento e na aquisição de matérias-primas e produtos intermediários.
Entre outros exemplos foi apontada a falta de cabos de fiação causou problemas no setor automotivo, onde a produção caiu 14,0% em março, e o importante setor de engenharia mecânica também reduziu consideravelmente a produção em 5,3%. No setor intensivo em energia “vidro, cerâmica, processamento de pedra e terra”, a produção diminuiu 6,7% e no setor de produção e transformação de metal recuou 5,2%.
Conforme já havia previsto o ministro da economia, Robert Habeck, a Alemanha “ficará mais pobre”, já que com as sanções impostas à Rússia os preços da energia aumentaram expressivamente, elevando a inflação e ameaçando levar a economia europeia a uma recessão.
“Não é possível que isso acabe sem custos para a sociedade alemã, é impensável”, disse Habeck à emissora pública ZDF. Dados preliminares indicam que a inflação atingiu 7,3% em março, de acordo com a Secretaria Federal de Estatísticas do país, o nível mais alto em mais de 40 anos.
O principal responsável teria sido a disparada dos preços do gás natural e do petróleo, que subiram quase 40% em relação ao ano passador.