Gasoduto Nord Stream 2, que levará gás da Rússia à Alemanha, é instalado em águas alemãs

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, advertiu os Estados Unidos que não interfiram na construção do gasoduto Nord Stream 2, liderado pela Rússia, enfatizando que a Europa tem o direito de escolher suas próprias fontes de energia. “Onde comprar combustível é uma decisão soberana. Nenhum Estado pode proferir ameaças sobre o que será a política energética da União Europeia”, disse em conferência de imprensa em Moscou, após uma reunião com o ministro do Exterior Serguei Lavrov.

Maas afirmou já ter expressado seu “descontentamento” ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, depois que alguns senadores norte-americanos enviaram às autoridades que participam na construção do gasoduto, no porto de Sassnitz, na ilha alemã de Rugen, uma carta em que ameaçam “esmagar com sanções legais e econômicas” acionistas de uma empresa alemã envolvida na iniciativa de energia. Brandiram com a possível proibição de sua entrada nos Estados Unidos e do congelamento de seus ativos naquele país.

“Sanções entre parceiros são definitivamente o caminho errado a seguir”, assinalou Maas, acrescentando que qualquer tentativa de impedir a conclusão do oleoduto seria uma violação da soberania de seu país.

O projeto Nord Stream 2, construído pela empresa russa Gazprom e em fase de conclusão, está implantando um gasoduto gêmeo de 1.200 quilômetros de extensão, que carreará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia. O gasoduto tem um custo avaliado em US$ 11 bilhões (R$ 59,7 bilhões).

O governo de Vladimir Putin denunciou a postura de Washington como concorrência desleal e prometeu desenvolver outra forma de completar o gasoduto se os EUA avançarem com as sanções.

A mídia alemã noticiou no mês passado que o Departamento de Estado dos EUA, o Departamento do Tesouro e o Departamento de Energia tentaram intimidar os empreiteiros europeus com as consequências potenciais da participação na construção do gasoduto.

A construção já foi temporariamente interrompida no ano passado depois que os Estados Unidos cogitaram sanções aos navios envolvidos no projeto. Com a falta de noção habitual, Trump escreveu no Twitter que “A Alemanha paga à Rússia bilhões de dólares por ano pela energia, e devemos proteger a Alemanha da Rússia. O que é isso?”.

Klaus Ernst, chefe do Comitê de Economia e Energia do Bundestag (Câmara do Parlamento da Alemanha), considerou as ameaças dos parlamentares do Partido Republicano como ‘o cúmulo da insolência’.

Segundo Ernst, o texto é uma afronta direta à cidade de Sassnitz, assim como ao Estado de Mecklenburg-Western Pomerania, e mostra que os protestos do governo de Angela Merkel contra as sanções americanas não surtiram efeito.

O parlamentar pediu ao Executivo alemão que convoque o embaixador dos EUA e que apresente contramedidas eficazes e as aplique se necessário, destacou a agência de notícias russa Sputnik.

96 % dos trechos da tubulação já estão construídos e atualmente faltam menos de 160 quilômetros por completar. Um representante da Gazprom assegurou que os trabalhos continuam normalmente e que o Nord Stream 2 ficará pronto no final de 2020 ou no início de 2021.