Entre os diversos obstáculos que milhões de cidadãos estão tendo que enfrentar para
conseguir receber o auxílio emergencial, aqueles para os que já tiveram o cadastro aprovado e
o benefício creditado em uma Conta Digital da Caixa são os mais incompreensíveis. Parece
mesmo uma “pegadinha” do governo para zombar dos necessitados.
Depois de enfrentar uma verdadeira saga para conseguir se cadastrar – saga mesmo, pois
imagine uma pessoa sem nenhum recurso, que antes da crise do coronavírus já sobrevivia
quase sem nada, desempregada, vivendo nas piores condições, na informalidade, e conseguiu,
de alguma forma, ter acesso à Internet e entrar no site por um computador ou celular,
preencher corretamente todos os seus dados e dos seus filhos, e acompanhar o andamento do
processo -, após, finalmente, verificar que foi aprovado, o cidadão tem que se ver com o
aplicativo Caixa Tem para sacar ou movimentar o dinheiro.

A dificuldade é tanta, que só nessa categoria são 3,5 milhões de pessoas que, mesmo com o
recurso creditado na conta digital, não conseguiram ter, de fato, acesso ao dinheiro até esta
segunda-feira (11).
Pessoas relatam que passaram muitas horas, por vários dias, acessando o aplicativo para
terem um código que dá acesso ao dinheiro.
Segundo relatos em diversas reportagens e depoimentos nas filas da Caixa Econômica, o
aplicativo não é compatível para qualquer celular, leva muito tempo para carregar, a pessoa
fica em uma interminável fila virtual, o sistema cai quando acredita-se estar quase chegando
lá, os dados, mesmo que preenchidos corretamente, não são aceitos, e o sistema cai
novamente e começa-se tudo de novo… Mas, depois de muitas tentativas, chega-se, enfim, no
momento de receber o tão esperado “código” que – aí a maior das pegadinhas -, tem validade
de 2 horas.
Se a pessoa não se preparou para isso, se não tem como chegar a uma agência da Caixa ou a
uma lotérica, enfrentar fila, em tempo hábil, todo o esforço para conseguir o “código” foi por
água abaixo. Aí, é começar de novo para gerar um novo código… e a fome e a necessidade que
esperem.