Estátua do genocida rei Leopoldo II após removida do pedestal por autoridades de Antuérpia - Daily Mail

A prefeitura da cidade belga de Antuérpia removeu a estátua do rei Leopoldo II que se encontrava em frente ao Museu de Middelheim. Ele foi responsável pelo assassinato de cerca de 10 milhões de pessoas no Congo – há quem projete até 15 milhões -, entre 1865 e 1908 na então colônia belga.

A retirada da estátua acontece em meio a manifestações contra o racismo que reúne milhares nas principais cidades da Bélgica, como parte das manifestações que ocorrem por todo o mundo após o brutal assassinato de George Floyd. Entre as reivindicações locais está a da remoção de todas as estátuas do execrado monarca espalhadas pelo país.

Uma petição intitulada “Vamos reparar a nossa história”, reivindicando que as imagens do monarca sejam retiradas das vias públicas, já ultrapassou as 70 mil assinaturas e não para de ganhar adesões.

O porta-voz do burgomestre de Antuérpia, Johan Vermant, anunciou que “a estátua agora está no nosso depósito no Museu de Middelheim. Vamos examinar em que estado se encontra e quais são os próximos passos”.

Como recordam os historiadores, o Congo era considerado uma propriedade pessoal de Leopoldo – descendente da dinastia alemã Saxe-Coburgo-Gota -, que escravizou a população negra inicialmente para a exportação do marfim e, posteriormente, para a produção de borracha, fazendo desta exploração a grande riqueza da Bélgica.

São inúmeros e os relatos de matanças, mutilações, estupros e espancamentos. Escravos que não atingiam a meta de produção determinada tinham as mãos simplesmente decepadas. Sanguinários abusos e violências com requintes de crueldade por parte do rei foram eternizadas em clássicos da literatura como O Coração das Trevas (1902), de Joseph Conrad.

No final do século 19, a situação era tão grave que um missionário, John Hobbis Harris decidiu escrever ao principal agente de Leopoldo no Congo, pedindo piedade para a população negra. “Acabo de voltar da vila de Insongo Mboyo, no interior. A abjeta miséria e o completo abandono são realmente indescritíveis. Fiquei tão comovido, Excelência, com as histórias das pessoas que tomei a liberdade de prometer a elas que, no futuro, Sua Excelência só as mataria por crimes que elas tivessem cometido”, suplicou.

Na cidade de Ghent, o monarca em bronze foi pintado de vermelho e recebeu um capuz no rosto, com as palavras “não consigo respirar”, a mesma frase dita por George Floyd – o negro covardemente assassinado por policiais brancos na cidade norte-americana de Minneápolis, em 25 de maio.

Em Bruxelas, a estátua do rei foi cercada na praça do Trono, sendo escritas palavras de ordem na base e outros manifestantes escalaram o monumento entoando “assassino” e empunhando a bandeira do Congo.