O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal analise as provas colhidas pela CPI da Covid-19 sobre a divulgação, por Bolsonaro e seus aliados, de fake news sobre o coronavírus e o combate à pandemia.

A decisão responde a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que disse que a investigação preliminar aberta depois da CPI não colheu indícios suficientes para que evoluísse para um inquérito.

As investigações preliminares têm sido usadas por Augusto Aras, o procurador-geral indicado por Jair Bolsonaro, como uma forma de não abrir inquéritos de verdade e proteger os aliados do governo.

Segundo a decisão de Barroso, “há a necessidade de sistematizar a documentação apresentada [pela CPI] a fim de que se possa subsidiar eventual pedido de instauração de inquérito, arquivamento ou oferecimento de denúncia”.

Jair Bolsonaro e seus aliados mentiram sobre o coronavírus e a pandemia para tentar justificar sua omissão no combate à doença. Logo no começo da pandemia no Brasil, Bolsonaro chamou a Covid-19 de “gripezinha”. Hoje são mais de 663 mil mortos no país vítimas da Covid-19.

Ele tentou minimizar os riscos da doença, mesmo com a grave situação que já era vista na Europa e nos Estados Unidos.

Depois, passou a fazer propaganda mentirosa com cloroquina e ivermectina, remédios que não têm nenhum efeito positivo no tratamento de Covid-19.

O governo Bolsonaro chegou a enviar médicos para fazer propaganda da cloroquina em Manaus, cidade que sofreu com a falta de oxigênio medicinal no começo de 2021.

O Ministério da Saúde também lançou um aplicativo, chamado TrateCov, que orientava os médicos a receitar cloroquina para todos os pacientes com sintomas de Covid-19, desde crianças até idosos.

Jair Bolsonaro defendeu a cloroquina em suas redes sociais, em manifestações e em discursos, mesmo que nenhuma pesquisa científica amparasse esse posicionamento.

Além disso, pregou contra o distanciamento social e o uso de máscaras.

Mais tarde, passou a divulgar fake news sobre as vacinas contra a Covid-19. Atacou de maneira mais agressiva a CoronaVac, primeira a ser utilizada no país, por ter sido desenvolvida na China e trazida para o Brasil por um esforço do governo de São Paulo, chefiado então por João Doria (PSDB), e do Instituto Butantan.

A CPI reuniu as diversas falas públicas feitas por Bolsonaro, seus ministros e aliados que atrapalharam na conscientização da população sobre o risco do coronavírus e agravaram a pandemia.

No relatório final da CPI, os senadores afirmaram que, “na prática, ao estimular a população a se aglomerar, a não se vacinar, a desobedecer às regras de uso de máscara e de lockdown, pessoas influentes e agentes políticos contribuíram para o agravamento da pandemia”.