Jair Bolsonaro e Ricardo Barros (PP-PR)

O líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), está imitando o que faz o “mito” e seus filhos e se aproveita de seu cargo no governo para tentar impedir as investigação de seus crimes. Já é a segunda vez que ele tenta afastar o delegado José Versiani, responsável pela Operação Pés de Barro, que investiga roubos milionários ocorridos em sua gestão no Ministério da Saúde na compra de medicações de alto custo.

O ministro Alexandre de Moraes já havia negado o primeiro pedido feito pela defesa de Barros. A defesa de Barros alegara ao STF que o delegado não teria parcialidade para conduzir o caso. A alegação se baseou num depoimento do deputado Luiz Miranda (União Brasil-DF) à Polícia Federal onde, segundo Ricardo Barros, o delegado havia externado a intenção de prendê-lo.

Agora, nesta segunda tentativa, Ricardo Barros tirou do baú o fato de que o delegado teria sido indicado para a Coordenação Geral Cooperação Jurídica Internacional por Sérgio Moro, quando este era ministro da Justiça. Baseado nisto, os advogados do deputado dizem que há uma ligação de confiança entre Moro e Versiani. O raciocínio é de que a “perseguição” a Ricardo Barros seria uma atitude política de Moro.

O deputado foi responsável por um prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres do Ministério da Saúde na compra, autorizada por ele, de medicações de alto custo da empresa Global. O orgão público pagou pela compra e o produto nunca foi entregue. Durante a CPI da Pandemia, vieram à público as ligações de Barros com a Global. A empresa quase deu um novo golpe milionário ao intermediar a venda de 20 milhões de doses da vacina Covaxin.

Durante uma reunião que houve entre o deputado Luiz Miranda e seu irmão Luiz Henrique, servidor do Ministério da Saúde, responsável pela autorização de importações, com Jair Bolsonaro, no final de 2020, ao tomar conhecimento de que Luiz Henrique estava sendo forçado a assinar a compra irregular da vacina indiana Covaxin, Bolsonaro fez uma expressão de que já conhecia as falcatruas e citou o nome do Ricardo Barros como “responsável por este esquema”. Como foi evidenciado na CPI, além de todas as irregularidades, o seu preposto no órgão estava exigindo propina de “um dólar por dose”.