Ricardo Barros (PP-PR)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou o pedido do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, para afastar o delegado da PF responsável pela investigação de um golpe de R$ 20 milhões no Ministério da Saúde quando era o ministro.

O delegado José Augusto Campos Versiani, da Polícia Federal, está à frente das investigações sobre o golpe de R$ 20 milhões que a empresa Global Saúde deu no Ministério da Saúde quando Ricardo Barros era o chefe da pasta, durante o governo Temer.

Para atrapalhar as investigações, Ricardo Barros pediu o afastamento de Versiani através de um habeas corpus. Alexandre de Moraes rejeitou a argumentação do líder bolsonarista.

“A própria defesa ressalta que o paciente nem sequer é investigado no inquérito conduzido pelo Delegado de Polícia que ora se aponta como suspeito. Nesse contexto, as alegações trazidas nesta impetração não se qualificam, a toda evidência, como espécie de constrangimento ilegal que, mesmo de maneira remota, possa colocar em risco a liberdade de ir e vir”, disse Moraes na decisão.

O pedido feito por Ricardo Barros alegava que o nome da operação na PF, Pés de Barro, era uma referência a ele. Também citou um trecho de um depoimento na CPI da Pandemia, feito pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, de que Versiani teria falado que iria “prender todo mundo” envolvido no esquema criminoso.

A Global Medicamentos recebeu R$ 20 milhões do Ministério para entregar medicamentos, mas nunca cumpriu sua parte do contrato. Os indícios apontam que a gestão de Ricardo Barros no Ministério favoreceu a Global e fez vista grossa para irregularidades.

O dono da Global é o mesmo da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. A Precisa foi investigada pela CPI da Pandemia por ter tentado aplicar outro golpe no Ministério da Saúde com a venda da vacina indiana Covaxin.

O contrato entre a Precisa e a BharatBiotech, que desenvolveu a Covaxin, foi cancelado depois da descoberta que a Precisa fraudou documentos que foram entregues ao Ministério da Saúde para garantir a venda.

Dentro do Ministério da Saúde, o servidor Luis Ricardo Miranda afirmou ter sofrido pressão de seus superiores do ministério para assinar documentos que tinham irregularidades.

Quando levou o caso até Jair Bolsonaro, ouviu do presidente que aquilo era “coisa do Ricardo Barros”.

Bolsonaro foi acusado pela CPI de prevaricação por não ter encaminhado para a PF ou para o Ministério Público Federal (MPF) a denúncia de corrupção que recebera.