O Banco Central elevou a estimativa de crescimento da economia de 0,82% para 0,9% em 2019, segundo o relatório trimestral de inflação, divulgado nesta quinta-feira (26). A expectativa é deprimida em relação ao que esperavam às vésperas de Jair Bolsonaro assumir o comando do país: em dezembro, antes da posse – mas já com o novo presidente eleito – esperava-se crescimento de 2,4% (vide Relatório de Inflação, Volume 20, Dezembro de 2019).

A discussão acerca da nomeação de Paulo Guedes para o novo Ministério da Economia animava o mercado na ocasião: as privatizações trariam investimento privado. A reforma da Previdência, segurança aos empresários.

Mas o que se viu na prática foi um primeiro trimestre de encolhimento da economia (-0,2%) e um segundo trimestre de variação irrisória (0,4%).

A taxa de investimento caiu para o menor nível em 50 anos (15,5% do PIB ante 20,9% em 2013).

O resultado, caso confirmado, significa que o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, ficará abaixo do resultado do ano passado, quando a economia cresceu apenas 1,1%.

Mas, segundo o governo, a liberação dos R$ 500,00 dos recursos do FGTS para os trabalhadores em setembro e outubro vai implicar em “aquecimento da economia”.

Um recurso pequeno, que não se repete, e que pertence ao trabalhador. O ministro Paulo Guedes, além de não investir, está retirando os recursos dos investimentos em habitação para entregar a bancos, já que grande parte do dinheiro, segundo pesquisa feita por instituições do comércio, será usado para pagar dívidas e não vai aquecer a economia, que continua no fundo do poço.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial acumula queda de -1,7% no ano até julho; as vendas do comércio varejista giram em torno de zero e os desempregados somam 12,6 milhões de pessoas no Brasil. Por último, a reforma da Previdência se transformou no fantasma que levará mais brasileiros à miséria.

Os números oficiais sobre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) disponíveis, são do primeiro semestre do ano. Mas o próprio BC, através do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), identificou que o segundo semestre começou com recuo de -0,16% na atividade econômica do país. Em conformidade, o Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que em julho a baixa foi de -0,20%, explicada pelo péssimo desempenho do setor industrial.

Dada a situação, a previsão do BC é ainda otimista em relação ao que estima o mercado. O boletim Focus, divulgado pelo BC semanalmente com previsões de 100 instituições de mercado, espera que até o final do ano a economia varie apenas 0,87%. Esta é a mediana das estimativas, o que significa que para metade dos consultados, o número deve ser ainda menor. O Bradesco, por exemplo, apresentou em nota uma previsão que não passa de 0,8%.