Bancada repudia nazismo; Jandira defende embargo de editais da Cultura

Parlamentares da bancada do PCdoB na Câmara repudiaram na manhã desta sexta-feira (18) o vídeo publicado por Roberto Alvim como secretário de Cultura de Bolsonaro. No material que foi divulgado pelas redes da secretaria, Alvim copiou trecho e formato de discurso do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, para comentar o lançamento do Prêmio Nacional das Artes. Diante de pressões de setores políticos e sociais, foi demitido por Bolsonaro.
A líder da Minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou que a exoneração não resolve o problema dos editais que, na avaliação dela, apontam para censura. Pelas redes sociais, ela defendeu o embargo.
“Os editais, como a política adotada por Alvim e autorizada por Bolsonaro, ferem o princípio da impessoalidade na gestão pública. Desta forma, não querem valorizar toda a Cultura popular e brasileira, rica e diversa, mas O QUE ELES ACHAM E DEFINIRÃO como Cultura”, questionou.
ATENÇÃO!
Que fique bem claro: não adianta o secretário fascista ser exonerado por conta da repercussão. Os editais anunciados por Alvim de forma grotesca precisam ser embargados!
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 17 de janeiro de 2020
Mais cedo, Jandira já havia comentado o vídeo com conteúdo nazista.
“O sentimento gerado com o vídeo de Alvim é de asco. Percebe-se uma arrogância típica dos ignorantes autoritários. Quem disse a eles que a arte e cultura brasileiras começam com este Governo? Qm deu o direito de julgar qualidade e conteúdo das obras artísticas brasileiras?”, escreveu.
O sentimento gerado com o vídeo de Alvim é de asco. Percebe-se uma arrogância típica dos ignorantes autoritários. Quem disse a eles que a arte e cultura brasileiras começam com este Governo? Qm deu o direito de julgar qualidade e conteúdo das obras artísticas brasileiras?
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 17 de janeiro de 2020
Márcio Jerry quer convocação
O deputado federal Márcio Jerry, vice-líder do PCdoB, anunciou nesta sexta-feira (17) que irá convocar Roberto Alvim para prestar esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
“Vamos convocar Roberto Alvim tão logo retomemos os trabalhos da Câmara. Ele deve explicações ao Brasil! Ou Bolsonaro demite ele ou assume escancaradamente sua face nazista. Não há meio termo”, afirmou Jerry.
Essa não é a primeira vez que Jerry se posiciona contra o totalitarismo. Ele é responsável por protocolar o Projeto de Lei 1.798/2019, que pretende criminalizar “apologias ao retorno da ditadura militar” e a “pregação de novas rupturas institucionais no país”. O PL altera o Código Penal para “punir, com multa ou detenção, de três a seis meses, autores de declarações ou conclamações públicas que remetem a fatos criminosos, tortura ou que incentivam algum tipo golpe ou quebra do sistema político vigente”.
Opinião abjeta
Ao comentar a demissão do ex-auxiliar de Bolsonaro, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) questionou a posição do governo.
“Alvim não caiu pela opinião abjeta, que infelizmente encontra amparo nesse desgoverno. Caiu por expressá-la”, afirmou o parlamentar.
A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ressaltou que apologia ao nazismo é crime e que o ex-secretário deve responder na Justiça.
O secretário dever responder por crime previsto no parágr 1º do art 20 da Lei 7.716/1989 prevê pena de reclusão de 2 a 5 anos para quem “…veicular ou propaganda que utilizem a cruz suástica… para fins de divulgação do nazismo”. https://t.co/YTaeQ9ek9w
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) 17 de janeiro de 2020
Na opinião dela, a apologia ao nazismo e a Hitler representam também desrespeito aos brasileiros que o combateram na II Guerra Mundial – seja no front, seja nos esforços para produção da borracha.
Se Bolsonaro não o demitisse estaria manchando a memória dos combatentes de guerra q lutaram contra os nazistas. Tanto os pracinhas, heróis da FEB q lutaram no front, quanto os soldados da Borracha, heróis da Amazônia, q cortaram seringa p ajudar no esforço de guerra. https://t.co/eEVsbUlTDi
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) 17 de janeiro de 2020
O líder dos comunistas na Câmara, Daniel Almeida, defendeu a exoneração como modo de defender a democracia.
Usar de referências nazistas em discursos é um ato de violência contra a democracia e a soberania nacional. Não podemos admitir tal absurdo, Roberto Alvim precisa ser afastado urgentemente, qualquer coisa diferente disso é inaceitável.
— Daniel Almeida (@Daniel_PCdoB) 17 de janeiro de 2020