Bancada: Bolsonaro sabota prevenção com vetos à lei das máscaras
O Brasil amanheceu nesta sexta-feira (3) com mais de 62 mil mortos por Covid-19 e 1,5 milhão de casos confirmados, segundo informações do consórcio de veículos de imprensa. No entanto, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), decidiu vetar 16 itens da lei que determina o uso de máscaras durante a pandemia.
Sob a justificativa de “violação de domicílio”, Bolsonaro vetou, por exemplo, a obrigatoriedade do uso da proteção facial em órgãos e entidades públicos e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. A sanção da lei, com vetos, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta.
O uso de máscaras, porém, tem sido uma das principais recomendações das autoridades de saúde para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), Bolsonaro segue “boicotando a vida” e sua atitude estimula comportamentos irresponsáveis como os vistos no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (2), após reabertura de bares e restaurantes. A parlamentar defendeu ainda que o Congresso derrube o veto presidencial.
“Bolsonaro segue boicotando a vida. Comporta-se como um genocida. Ao vetar o uso obrigatório de máscaras em locais públicos em que haja aglomerações, ele estimula as atitudes irresponsáveis que vimos no Rio de Janeiro, com a reabertura dos bares e restaurantes. Difícil acreditar que o sentimento seja de indiferença diante de mais de 62 mil mortes e 1,5 milhão de casos confirmados no país. Uma espécie de “e daí?” ou “é só uma gripezinha” coletivo? Bolsonaro sempre se comportou como um sabotador da quarentena e do distanciamento social, mas eles são essenciais para salvarmos vidas. Vamos lutar no Congresso para derrubar mais esse veto”, destacou a parlamentar.
Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), os vetos de Bolsonaro à legislação explicitam o desejo do presidente de “exterminar o povo brasileiro”.
Bolsonaro vetou a obrigatoriedade de os estabelecimentos fornecerem máscaras gratuitamente aos seus funcionários, além de trecho que obrigava o poder público a fornecer máscaras à população vulnerável economicamente. Bolsonaro também excluiu do texto a proposta do Congresso que agravava a punição para infratores reincidentes ou que deixassem de usar máscara em ambientes fechados.
Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), essa é a necropolítica de Bolsonaro. “Desde o início da pandemia, o presidente age com irresponsabilidade e descaso com a vida das pessoas. Ignora os especialistas que recomendam o uso de máscara para impedir o contágio do coronavírus. Já são mais de 62 mil mortes e 1,5 milhão de casos no Brasil. Resultado dessa política genocida e desumana”, afirmou a parlamentar.
“Mais uma vez, Bolsonaro age de forma insana e ignora especialistas, colocando a vida do povo em risco. Esse é o veto da morte, uma aberração como tantas outras ações desse governo. Use máscara. É uma recomendação das autoridades mundiais de saúde”, apelou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).
Indiferença no Rio
E se com regras mais rígidas, o país não conseguiu conter o avanço da pandemia, após o veto de Bolsonaro, os números devem aumentar consideravelmente. Apesar dos dados alarmantes, a reabertura de bares e restaurantes no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (2) demonstrou que o brasileiro ainda não se conscientizou da gravidade da crise sanitária vivida.
Na Zona Sul da capital fluminense, no Leblon, a noite foi marcada por aglomerações, pessoas sem máscaras, bares lotados, ignorando qualquer protocolo de segurança estabelecido.
Vídeos circulam na internet e causaram repúdio. Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a reabertura às pressas, sem controle, foi um erro. Ela também condenou a atitude das pessoas.
“Como disseram aqui, a festa nas ruas da Zona Sul sem máscara e sem protocolos de cuidado não é porque a curva foi controlada. É porque a morte (dos outros) foi normalizada. É de um individualismo, além de claro atentado à saúde pública, que choca qualquer cidadão responsável. A reabertura às pressas, sem controle, com a curva crescendo, é um erro. E todos nós iremos pagar por ele”, afirmou.