O atual Enviado Especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, atua como mediador na comissão

A primeira sessão da Comissão Constitucional Síria, realizada na quarta-feira, traz novas esperanças de que o processo de paz no país árabe avance. Ao final, o vice-presidente da comissão, Ahmad Kuzbari, augurou que uma próxima reunião “possa ter lugar em nossa terra natal, em nossa amada Damasco, a mais antiga capital continuamente habitada da história”.

Em nota, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apoiou o que chamou de “primeiro passo político para acabar com a tragédia do conflito”. Ele conclamou a uma “cooperação de boa fé” entre as partes para uma solução que tenha “um forte compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territoriais do país.”

O atual Enviado Especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, atua como mediador na comissão, que foi criada por iniciativa do Congresso Nacional de Diálogo na Síria, realizado em Sochi em janeiro de 2018, em desdobramento do Processo de Paz de Astana liderado por Vladimir Putin, Recep Erdogan e Hassan Rouhani e depois acolhida pelo então enviado da ONU, Staffan de Mistura.

Com 150 membros, a comissão está igualmente dividida entre representantes do governo de Damasco, da oposição síria e da sociedade civil. Quase 30% dos representantes são mulheres. Na reunião de quarta-feira, cada parte enviou 15 especialistas, que terão a missão de redigir o esboço de uma nova constituição, revisando a de 2012.

O encontro foi a portas fechadas e o vice-presidente da comissão pela oposição, Hadi Al Bahra, manifestou-se otimista de que um acordo político possa ser alcançado no próximo ano, quando a ONU completa 75 anos, para que o país seja reconstruído e milhões voltem à sua terra natal.

Em outro desdobramento, no terreno, Rússia e Turquia deram início na sexta-feira às patrulhas militares conjuntas na faixa de sete quilômetros a partir da fronteira, parte do que Ancara chama de “zona segura” para impedir a ação dos “terroristas”. Segundo o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, as milícias curdas completaram sua retirada – acordada entre Putin e Erdogan – antes da data limite.