De olho em 2022, Bolsonaro aposta no programa Auxílio Brasil como “solução” para diminuir o impacto de sua má gestão na vida da população. Com milhões de brasileiros passando fome, pagando por ossos e tirando comida de caminhões de lixo para se alimentar, Bolsonaro planeja lançar, no lugar do programa Bolsa Família, um novo auxílio, que deve pagar entre R$ 300 e R$ 400, numa clara tentativa de se manter apto à disputa eleitoral do próximo ano.

Para o líder do PCdoB, deputado federal Renildo Calheiros (PE), o presidente da República erra ao destruir o Bolsa Família. “É triste perceber que o desgoverno Bolsonaro está destruindo o melhor do Bolsa Família. Essa política pública exitosa completa 18 anos em 20 de outubro. E não podemos celebrar. O programa substituto, que estava previsto para ser lançado hoje, não tem regras claras. É mais um improviso”, pontuou Renildo.

Segundo o parlamentar, o mais eficaz seria ampliar o valor e o público já beneficiado pelo Bolsa Família. “A inflação dos alimentos, a fome e a pobreza se alastram. O mais eficaz seria ampliar o valor dos benefícios do Bolsa Família e o público atendido. É um erro fazer políticas públicas mal planejadas e abruptas às vésperas das eleições de 2022”, alertou.

Sem regras claras, o novo auxílio de Bolsonaro seria lançado na tarde desta terça-feira (19), mas o evento no Palácio do Planalto foi cancelado minutos antes de ter início. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, o anúncio de que Bolsonaro teria decidido subir o valor do auxílio repercutiu negativamente no mercado financeiro, com o dólar disparando e a Bolsa tombando mais de 3%.

“Bolsonaro assumiu a própria incompetência e o caráter meramente eleitoreiro do programa social que pretendia criar. O Auxílio Brasil é tentativa rastaquera de apagar o Bolsa Família. É aumento no que já existe, mas com outro nome para buscar voto”, afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP).

No Plenário da Câmara, os deputados federais Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se manifestaram sobre o programa de Bolsonaro.

“O Brasil tem assistido nos últimos dias a cenas dramáticas que expressam a fome no nosso país, como as pessoas disputando o lixo no caminhão, a disputa por ossos. Infelizmente, as cenas com essas características se espalham país afora. São cerca de 30 milhões de brasileiros que não têm segurança alimentar e o governo está extinguindo o Bolsa Família; o auxílio emergencial, que Bolsonaro reduziu, acaba este mês. A carestia tomou conta do nosso país. É preciso condenar a extinção do Bolsa Família. Se substituírem o Bolsa Família pelo programa que eles estão anunciando, isso cobriria a metade daqueles que estão com o direito de acesso ao Bolsa Família, que precisam de uma renda e que são mais de 30 milhões de brasileiros, e esse valor cobriria no máximo 7 milhões de brasileiros”, disse Almeida.

Já a vice-líder da Minoria, deputada federal Jandira Feghali, afirmou que o Auxílio Brasil é eleitoreiro e não deve ser aprovado no Parlamento, pois é provisório e acabaria com um programa sólido de auxílio aos brasileiros que mais necessitam.

“A situação é desesperadora. A insegurança alimentar se espalha, a fome se espalha e qual a resposta do governo? Editar uma MP que acaba com o Bolsa Família, sem regras e sem critério. Há um debate entre Guedes e Bolsonaro, pois eles querem fazer um auxílio eleitoral, que só serve para um ano e depois não tem nada. É um auxílio aumentado que não tem perspectiva de manutenção e querem usar recursos que não podem usar. É um desprezo pela sociedade brasileira”, disse a deputada que voltou a defender a derrubada do Teto de Gastos (EC 95) para que seja possível colocar os recursos necessários nas políticas públicas.

 

Por Christiane Peres

 

(PL)