Casa Branca tira Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do controle dos dados da Covid - foto: imagem extraída de vídeo

No dia 14, o Sistema de reportagem, sobre o avanço da Covid-19, do portal do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) saiu do ar. Hospitais por todo o Estados Unidos passaram a repassar os dados a empresas privadas contratados em cada Estado devido à situação de emergência criada com a nova norma da Casa Branca de que o CDC não mais iria sistematizar as informações sobre a pandemia.

Desde o dia 16, diretores de hospitais, epidemiologistas e governadores deram início a um clamor nacional contra a tentativa de Trump de, ao invés de buscar aprimorar o combate à pandemia, tentar esconder ou manipular os números, acrescentando confusão ao descontrole e recorde mundial em casos e óbitos pela pandemia.

No caso atual, com a sistematização passando para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) diretamente subordinado à presidência, o novo quadro exige dos Estados uma batelada de novas informações de tal modo que os hospitais não conseguem atender e, com isso, se acaba paralisando o fluxo de dados que, nas mãos do CDC, ocorria em tempo real.

A Associação Nacional dos Governadores declara que qualquer novo sistema precisa de tempo para se adequar e que cortar de uma vez a atual centralização deve deixar o país sem uma noção do quadro real da propagação do vírus.

Os governadores também declararam ser inadmissível que as informações a serem obtidas pelo novo sistema que ficaria ao encargo do Departamento de Saúde (equivalente ao Ministério da Saúde daqui) deixem de ser totalmente públicas.

O desaparecimento dos dados em tempo real do quadro do CDC, aconteceu na noite de terça-feira. A decisão foi tomada pelos funcionários devido ao fato de que, por ordem de Trump, os hospitais deixaram de mandar informações para o órgão, tanto sobre o número de pacientes que chegam a cada dia, número de leitos ocupados e de óbitos.

“O quadro do CDC foi derrubado de uma hora para outra”, denunciou Michael R. Caputo, vice-secretário de Relações Públicas do Departamento de Saúde. “A ideia de que os cientistas do CDC não são confiáveis para coleta de dados ou de desconfiança no trabalho de outros cientistas é absurda”.

Outro funcionário do mesmo departamento, Brett Giroir, responsável pelo acompanhamento da testagem de Covid-19, também manifestou seu descontentamento com a medida: “Estes dados são realmente críticos para todos nós. Quando eu acordo pela manhã, a primeira coisa que eu faço é olhar o quadro. Olho novamente no meio do dia e outra vez à noite antes de ir dormir…Direcionamos nossa resposta com base nele”.

Os dados eram coletados em mais de 3.000 hospitais. A presidente da Associação Médica Americana, Susan R. Bailey, protestou, na quinta-feira, contra a incerteza gerada no acesso aos dados. “Urgimos e esperamos que os cientistas do CDC continuem a receber em tempo o acesso abrangente a dados críticos para gerar os informes”, afirmou.

Com o novo sistema, assumido da noite para o dia pela empresa TeleTracking, os hospitais são solicitados a enviar uma batelada muito maior e diversificada de dados. Dirigentes de diversos departamentos de saúde estaduais afirmam que não conseguem se adequar desta forma de supetão com as novas requisições de informação.

O departamento de saúde da Pensilvânia informou a todos os hospitais do Estado que sua plataforma não está preparada para acomodar os novos requerimentos de Washington, de tal forma que a informação sobre a doença deve ser repassada para o Estado, ou seja, localmente.

Charles L. Gischlar, porta-voz do departamento de Saúde do Estado de Maryland disse que a mudança no sistema de informes é “uma exigência excessiva para os hospitais”.

O novo Sistema “excede a capacidade do atual Sistema estadual” ao qual os hospitais têm informado, assim sendo “o Estado não pode mais enviar informação consolidada para o governo federal. A partir de agora, os hospitais devem enviar os dados unicamente ao governo estadual”.